A ex-ministra da Saúde e abrasquiana, Nísia Trindade Lima, a ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos do Brasil, Esther Dweck, e o pesquisador e economista Carlos Gadelha protagonizaram o debate sobre soberania, inovação e desenvolvimento na Saúde durante o 14º Abrascão. A mesa-redonda que focou na importância do Complexo Econômico-Industrial da Saúde ocorreu na tarde desta terça-feira (2) e foi mediada pelo pesquisador da Fiocruz e conselheiro da Abrasco, Claudio Maierovitch.
Carlos Gadelha, que esteve à frente da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, abordou as assimetrias globais que representam entraves para a soberania em Saúde. De acordo com o pesquisador, o Brasil tem um gasto público em saúde menor do que vários países, ainda concentra pouca produção científica e não aparece com ênfase no mapa das estruturas produtivas globais para a produção de vacinas para Covid-19.
Para o economista, é necessário que o estado brasileiro continue com iniciativas para mudar esse cenário. “O Brasil tem apenas 1 dos 100 principais polos de inovação. Isso afeta a soberania para ventilador, máscara, vacina, para Atenção Primária à Saúde, Inteligência Artificial, big data…os indicadores são muito preocupantes. Há também assimetrias nas patentes. Costumo dizer que a assimetria na patente de hoje é a iniquidade de amanhã”, explicou.
Na sequência, a ministra Esther Dweck abordou a importância das compras públicas como mecanismo indutor da economia. Segundo a gestora, as compras públicas representam 16% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, por isso, apresentam potencial para fortalecer a indústria nacional e contribuir com a melhora da capacidade tecnológica, o que pode diminuir a dependência do Brasil de outros países na hora de adquirir insumos para a saúde. A professora e economista informou que o Governo Federal prepara uma estratégia articulada, considerando as compras públicas. “Lançaremos a Estratégia Nacional de Compras Públicas nesta quinta-feira (4), criado a partir de escuta pública. Pensamos em uma estratégia nacional, agregando estados e municípios, para alinhar interesses e fomentar a indústria e a inovação”, anunciou.
A abrasquiana Nísia Trindade Lima foi a responsável por encerrar o debate. A professora elencou diversos desafios no âmbito da saúde e caminhos que podem ser seguidos para que o país reforce sua soberania. Entre os tópicos destacados pela ex-presidente da Fiocruz estão a necessidade de se investir continuamente em ciência, tecnologia e inovação e promover a equidade no campo científico; reorientar as atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação no campo biomédico; e a descentralização da produção de bens de saúde.
Nísia destacou ainda a importância do Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva e da Abrasco ao promover esses debates.”Existe um aprendizado social. A Saúde Coletiva e a Abrasco, em particular, é o fórum onde nós vemos que a continuidade das pesquisas, de políticas e essa relação com as novas perspectivas de estudos e intervenções em Saúde Coletiva, precisa ser aprofundada”, explicou.
O 14º Abrascão continua até o dia 3 de dezembro no CICB, em Brasília!

14° Abrascão em Brasília!
Criado em 1986, o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva é um dos mais importantes fóruns científicos da área da Saúde Coletiva. Carinhosamente conhecido como Abrascão, acontece a cada três anos.




