Nesta semana a livraria da Abrasco coloca em evidência três publicações com a temática medicamentos: ‘Acesso a medicamentos: direito ou utopia?’ organizado por Jorge Bermudez.; ‘Assistência farmacêutica: gestão e prática para profissionais da saúde’, de Claudia Garcia, Vera Luiza, Selma Castilho e Maria Auxiliadora; e ‘Medicamentos mortais e crime organizado’ do dinamarquês Peter Gøtzsche.
Indústria farmacêutica age como o crime organizado, diz pesquisador
O médico dinamarquês Peter Gotzsche, 67, não é um homem de meias palavras. Ele compara a indústria farmacêutica ao crime organizado e a considera uma ameaça à prática da medicina segura.
“Isso é fato, não é acusação. Ela [a indústria] sabe que determinada ação é errada, criminosa, mas continua fazendo de novo e de novo. É o que a máfia faz. Esses crimes envolvem práticas como forjar evidências e fraudes”, diz. O Professor na Universidade de Copenhague e um dos que ajudaram a fundar a Cochrane (rede de cientistas que investigam a efetividade de tratamentos), diz no livro ‘Medicamentos Mortais e Crime Organizado’ como a indústria farmacêutica corrompeu a assistência médica. Gotzsche reconhece os êxitos da indústria no desenvolvimento de drogas para tratar infecções, alguns tipos de câncer, doenças cardíacas, diabetes, mas expõe no livro dados que demonstram falhas na regulação de medicamentos e os riscos que muitos deles causam à saúde.
O acesso aos medicamentos como um desafio global
A obra ‘Acesso a medicamentos: direito ou utopia?’ traz os bastidores de uma luta contemporânea que confronta saúde e comércio, opondo Norte e Sul nos últimos 15 anos e ilustra de maneira objetiva os alinhamentos que se travam atrás das cortinas nos palcos da OMS e das Nações Unidas. Quais são os principais desafios e alternativas que se colocam para assegurar o acesso a medicamentos como parte inerente do direito à saúde? Este livro, inicialmente submetido como dissertação à Academia de Medicina do Rio de Janeiro para ingresso como Membro Titular e revisado para publicação em formato de livro, aborda a questão do acesso a medicamentos sob a ótica das políticas públicas e questiona a fronteira entre o direito e a utopia.
Dividido em vários capítulos e subcapítulos, inicialmente discute o acesso aos medicamentos de maneira conceitual, como um desafio global, elaborando conceitos próprios e discutindo as estratégias internacionais e nacionais que vêm sendo implementadas nos últimos anos. “As políticas que vêm sendo implementadas no Brasil também são abordadas de maneira resumida e, finalmente, o debate sobre propriedade intelectual e direitos humanos, a questão de doenças ou populações negligenciadas e os grandes desafios em escala mundial são discutidos, com base na polêmica que enfrenta o acesso a medicamentos como direito ou apenas como uma questão utópica. Nas considerações finais, discutimos os principais desafios e algumas alternativas que se colocam para assegurar o acesso a medicamentos como parte inerente do direito à saúde”, diz o autor Jorge Bermudez.
Políticas de garantia do acesso universal a medicamentos no território brasileiro
Se, no início dos anos 2000, a falta de acesso a medicamentos constituía um grande obstáculo à promoção da saúde, hoje, essa realidade já apresenta importantes sinais de mudança. Um exemplo é o expressivo aumento do número de pessoas com HIV/Aids que têm acesso aos medicamentos de que necessitam, resultado de iniciativas nacionais e internacionais. E, na construção desta nova realidade, o Brasil teve papel diferenciado e decisivo. É o que defendem os autores desta coletânea ‘Assistência farmacêutica: gestão e prática para profissionais da saúde’. Segundo eles, ao lutar diuturnamente pela implementação de políticas de garantia do acesso universal a medicamentos no território nacional, o Brasil pôde demonstrar, com suas experiências exitosas, que países em desenvolvimento eram capazes de promover esse acesso? Este livro – que vem preencher uma lacuna na área do ensino – busca não só compreender a consolidação da assistência farmacêutica, mas também fornecer referências para que ela continue avançando no Brasil. Afinal, apesar das conquistas, ainda existem vários desafios a serem enfrentados. Como os autores combinam o discurso científico com a experiência em serviço, os capítulos oferecem um embasamento acadêmico para responder às necessidades vivenciadas por gestores e profissionais, na prática. São, ao todo, 35 capítulos que abordam os mais variados tópicos: uso racional de medicamentos, recursos humanos, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção, regulação sanitária, epidemiologia e assistência farmacêutica em desastres, entre outros. As experiências do Programa Farmácia Popular e de alguns estados e municípios também são analisadas no livro.
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Medicamentos Mortais e Crime Organizado
Acesso a medicamentos: direito ou utopia?
Assistência farmacêutica: gestão e prática para profissionais da saúde