“Trabalhar no SUS está difícil. Pelo salário, pelo desmonte. Há o esgarçamento dos laços sociais entre trabalhadores e usuários do sistema. Há sofrimento entre os trabalhadores, insatisfação dos usuários. A política de pessoal do SUS precisa mudar radicalmente”, afirmou Gastão Wagner, presidente da Abrasco entre 2015 e 2018, durante o painel Desafios para um Política de Gestão do Trabalho no SUS, na semana passada (24/4).
O professor da Unicamp defendeu uma nova lógica na contratação para trabalhadores da saúde no sistema – que sejam estatutários do SUS, e que os gestores sejam trabalhadores integrados: “A maior parte dos gestores são cargo de confiança, precisamos investir em trabalhadores que já conhecem o SUS, a carreira precisa ter responsabilidade sanitária”, afirmou.
Mario Dal Poz, professor da UERJ, também participou do debate, e sinalizou que é urgente estabelecer uma política de Recursos Humanos em Saúde , que tenha como meta a melhoria da saúde da população: “Existem problemas estruturais, que acometem os trabalhadores na saúde: desequilíbrios na composição da força de trabalho, debilidade de políticas de gestão, inequidades de gênero, inexiste integração entre formação e serviço”.
“Em qual cenário os trabalhadores da saúde estão? Da EC 95, Reforma trabalhista, lei da terceirização, Reforma Previdenciária. Há a normatização da desregulamentação e flexibilização. São muitos processos difíceis que aprofundam a inequidade na saúde”, disse Bruno Guimarães, diretor de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde da Secretaria de Estado de Saúde da Bahia.
Janete Castro, coordenadora do GT Trabalho e Educação na Saúde da Abrasco participou como debatedora, e Isabela Cardoso, integrante do Conselho Deliberativo da Associação, coordenou o painel. Assista na íntegra: