O apagão dos dados epidemiológicos da pandemia da Covid-19 no Brasil, promovido pelo governo federal, provocou reações da comunidade científica, que condena as ações de ataque ao Sistema de Informações em Saúde. “A gente repudia e recomenda que toda a sociedade exija que as informações voltem à transparência, com qualidade e cobertura necessárias, para o que a gente precisa enfrentar hoje”, afirmou Gulnar Azevedo e Silva, professora da UERJ e presidente da Abrasco, em entrevista à TV Globo.
A Abrasco emitiu nota técnica repudiando a destruição dos Sistemas de Informação em Saúde, incluindo os dados da pandemia. “As mudanças implementadas no Painel de monitoramento epidemiológico do Portal do Ministério da Saúde evidenciam a ponta de um iceberg no desmonte, não apenas da sistematização dos dados da Covid 19, mas também dos principais Sistemas de Informações em Saúde que são geridos de forma coordenada, participativa e competente, conforme a governança do SUS. A quem interessa isso?”, destaca a nota. A entidade endossou também a primeira manifestação das sociedades científicas nacionais sobre o tema, documento liderado pela Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e divulgado ainda no sábado, dia 6.
Em entrevistas ao Jornal Hoje e ao Jornal Nacional, Gulnar afirmou que o dado é o primeiro passo para o enfrentamento de uma epidemia e que “é muito triste a realidade de não saber onde está a informação, dela sumir, de não termos certeza, de não podermos confiar”, pontuou.
A nota técnica da Abrasco enfatiza que “as informações em saúde são estratégicas no processo de enfrentamento da pandemia para a geração de conhecimento e subsidiar ações ágeis na atenção à saúde do SUS mitigando os efeitos da pandemia. Com a ocultação e a falta de transparência de dados sobre a situação da Covid-19, o Ministério da Saúde impede que as boas práticas de gestão da informação sejam seguidas”.
À TV Globo, Gulnar Azevedo também demostrou preocupação com a imagem do país no exterior. “Como fica da imagem do país fora? Como um país da nossa dimensão, com a construção que nós temos, de 40 anos de Sistemas de Informação em Saúde, como agora a gente ficar sem ter condição de apresentar os dados oficiais?”, questionou a professora.
Veja a participação de Gulnar Azevedo na TV Globo, no Jornal Hoje e no Jornal Nacional.