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Aberto oficialmente o 3º Congresso de Política ‘vivo, alegre e interativo, para nos animar na luta do direito à saúde do SUS e da democracia’ diz Cipriano Maia

Enquanto o público se organizava, o conjunto vocal Acorde, projeto de extensão do curso de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, composto unicamente por vozes masculinas, apresentava seu repertório variado entre o erudito e o popular. “Tentamos através da música quebrar algumas estigmas”, disse Oswaldo Negrão, uma das vozes do grupo e professor da UFRN, responsável ainda pela programação cultural de todo o 3º Congresso de Política.

A Mesa de abertura foi composta pelo coordenador da Comissão de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Abrasco, professor Alcides Miranda; o presidente da Abrasco, professor Gastão Wagner; a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade de Lima; o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Ronald Ferreira; a Magnífica Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professora Ângela Maria Paiva Cruz; o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS, Renato Tasca; o secretário estadual de Saúde, George Antunes e o presidente do 3º Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, professor Cipriano Maia.

De maneira irreverente, Gastão Wagner abriu a chamada da mesa antes mesmo do mestre de cerimônias, falando que o evento já estava aberto desde às 8h30 da manhã da terça-feira e que continuaria aberto até a noite de quinta-feira, 4 de maio – “Estou orgulhoso da Abrasco, das comissões local e científica, das associadas e associados. Neste terceiro congresso, estamos com 1964 inscritos. Essa é a principal e mais estratégica fonte de financiamento. É a nossa maioridade, não dependemos de mesada, fazendo nosso melhor esforço. Quando uma porta se fecha, quem tem projeto constrói outras.” O professor da Unicamp anunciou ainda a realização do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva no campus Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz e seu pré-congresso no campus Maracanã da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, “para apoiar a resistência da Uerj”. “Estou agradavelmente surpreso com esse congresso. Muito obrigado a todos nós, fico acolhido e tranquilo que temos essa capacidade de fazer o que estamos fazendo.” Disse Gastão.

Alcides Miranda chamou atenção para o movimento do Brasil na greve geral de 28 de abril passado – “eu fui para a rua na sexta-feira passada, não sei se vocês sentiram o mesmo mas eu vi algo diferente acontecendo, senti o peso da nossa responsabilidade de salvaguardar o Sistema Único de Saúde, o SUS e mudar o rumo deste país. Vamos ser mais pretensiosos e ousados pelo SUS”, convidou o professor de Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da Diretoria da Abrasco.

Cipriano Maia saudou a presença dos congressistas vindos – “de todos os recantos do Brasil, sintam-se acolhidos. Queria saudar os membros da mesa na figura da nossa reitora e presidente da Andifes, professora Angela Maria Paiva, que acolheu e apoiou de modo decisivo a realização desse evento, que só se concretizou como fruto de ação coletiva e colaborativa de toda a comissão local e com o suporte da UFRN.” Cipriano ressaltou ainda o compromisso dos sanitaristas com a vida e que se expressa no congresso. “Este é o primeiro congresso da Abrasco sem apoio governamental oficial. Contudo, são as pessoas, suas implicações e seus compromissos, que se dedicaram para viabilizar as ações. A programação buscou contemplar ações relevantes para a defesa da democracia. As comunicações e rodas criam oportunidade para reflexão do campo e fortalecimento do SUS. Além da razão o encontro chama à emoção para a programação cultural. Nosso desejo é que tenhamos um congresso vivo alegre e interativo, que nos anime na luta do direito à saúde do SUS e da democracia superar os medos que tentam nos paralisar e animar nossas forças na construção de um mundo mais generoso e igualitário. Viva o SUS”.

O presidente do CNS, Ronald Ferreira, evidenciou a abertura do 3º Congresso de Política como momento histórico – ‘é uma obrigação abraçarmos o debate que a Abrasco se propõe a fazer. O tema do congresso reflete o tempo atual no qual o estado, a democracia e os direitos sociais estão sendo atacados por uma tsunami neoliberal, como nunca antes na história do país. Não seria o controle social e a democracia participativa que estariam a salvo. Somamos à academia na ação de consolidar um dos principais direitos sociais da história do Brasil, que é o direito à saúde, que é o SUS. Junto com a visão do negociado se sobrepõe ao legislado, o mesmo espírito liberal acredita que tudo pode ser simplificado apenas como custeio e investimento e de que as demandas do mercado vão organizar a prestação da saúde. Tenho certeza que o povo brasileiro reúne condições de resistir e ultrapassar essa noite que atravessamos. Não tarda a aurora da redenção”. Ele destacou ainda a importância dos usuários serem os sujeitos nos debates sobre as pesquisas clínicas, que também sofrem ataques no âmbito da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP.

Faz escuro mas eu canto

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, parabenizou a realização do Congresso que definiu como um trabalho – “de tantos com tantas dificuldades. Reitero nosso compromisso neste Congresso, como um compromisso com o SUS, colocando a Ciência & Tecnologia a serviço do Serviço Único de Saúde. Penso que este é o momento de lembrarmos a poesia de Thiago de Mello: ‘Faz escuro mas eu canto, porque a manhã vai chegar’, nós não vamos nos calar.” Reforçou Nísia.

O diretor da OPAS no Brasil, Joaquín Molina foi representado por Renato Tasca, coordenador da Unidade Técnica Mais Médicos da OPAS/OMS no Brasil. Tasca pontuou a consideração que a organização tem pela Abrasco – “pelo debate relevante que esta associação consegue manter. O tema da pauta é quente, nunca tivemos tanto debate e crítica sobre a sustentabilidade dos sistemas universais de saúde e de sua capacidade de cumprir seus preceitos constitucionais. Esse debate perpassa muitos países. Estou acompanhando as discussões do Reino Unido e da Itália. Esses países passaram por momentos de grande crise e, em nenhum momento se colocou em discussão a redução da concretização desse direito para todos, não se pensa em limitar acesso ou definir pacotes. Em nenhum momento se pensa entregar a responsabilidade sanitária a planos e seguros. Espero que o mesmo tipo de discussão direito à saúde como fundamental à população se trave no Brasil, mas para a sua melhoria. Estaremos no Brasil ao lado de todos que querem defender e manter o SUS.” Disse Tasca.

“Aqui somos todos amantes do SUS” disse o secretário estadual de Saúde, George Antunes, no início de sua fala na mesa de abertura. Para o secretário, a articulação que a Abrasco faz – “reunindo todos nós aqui, todo este debate em todo da Saúde, é uma poderosa arma. Podemos ser um exército em defesa dos nossos direitos, desejo que este Congresso aumente nossa busca incessante pelo aprimoramento do SUS.”

A solenidade foi encerrada pelo discurso da Reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, professora Angela Maria Paiva – “A Abrasco nos desafiou e agradeço pela escolha da UFRN e de Natal. Quando Cipriano trouxe a proposta já sabia da nossa resposta, mesmo em tempos de crise não temos medo de desafios. O congresso foi recebido, porém já estávamos presenciando o futuro bem mais difícil nesse ano de 2017, à luz de uma emenda constitucional que nos tira investimento por longos anos, cortes sucessivos nas áreas da educação e da ciência e tecnologia. Temos de continuar trabalhando nesta pauta tão atual que tematiza o Estado que precisa se manter de direitos, a democracia garantida no seu aperfeiçoamento e o SUS como direito social. Desejo um evento com muita criatividade, com ações proativas para os próximos meses. Mesmo que o sol não brilhe, estaremos com o sol brilhando dentro de nós para essas tarefas que se colocam”.

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