“A crise climática é a maior ameaça à saúde que a humanidade enfrenta. […] reconhecemos a nossa obrigação ética de falar abertamente sobre esta crise em rápido crescimento, que poderá ser bastante mais catastrófica e duradoura do que a pandemia da COVID-19”, afirma a comunidade de saúde global na Carta do Clima Saudável, direcionada aos chefes de Estado e delegações nacionais que estarão na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26). A Associação Brasileira de Saúde Coletiva assinou a manifestação, juntamente com instituições e entidades da saúde internacionais e/ou de outros países.
A COP26 acontecerá de 31 de outubro a 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia (Reino Unido), e reunirá líderes mundiais e ativistas para discutir a reorganização da política ambiental internacional. Na Carta do Clima Saudável, as entidades pressionam os governos a “assumirem as suas responsabilidades, protegendo os seus cidadãos, vizinhos e gerações futuras contra a crise climática”, e apresentam propostas objetivas e urgentes para conter o desastre ambiental em todo o planeta. A carta é apoiada pela Global Climate and Health Alliance (Aliança Global pelo Clima e Saúde) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS/WHO).
Leia trechos da Carta do Clima Saudável:
“[…] Integrar a saúde e a equidade na política climática protege a saúde das pessoas, maximiza o retorno dos investimentos e constitui um apoio público às medidas climáticas urgentemente necessárias. Ar e água mais limpos, alimentos mais saudáveis e mais seguros, u sector da saúde mais resiliente e com menor produção de carbono e o planeamento de transportes e comunidades mais verdes são benéficos para toda a gente, aqui e agora. Para além disso, a poupança nos custos com a saúde compensará os custos de tomar estas medidas.
Apelamos aos líderes de todos os países e seus representantes na COP26 para que evitem a iminente catástrofe sanitária limitando o aquecimento global a 1,5°C e para que coloquem a saúde humana e a equidade no centro de todas as medidas de mitigação e adaptação das alterações climáticas.
Especificamente:
- Apelamos a todos os países para que reiterem os seus compromissos nacionais em matéria de clima nos termos do Acordo de Paris, de modo a cumprirem a sua quota-parte na limitação do aquecimento global a 1,5°C; e apelamos a que introduzam a saúde nesses planos;
- Apelamos a todos os países para que cumpram um abandono rápido e justo dos combustíveis fósseis, começando por suspender imediatamente todas as autorizações com eles relacionadas, assim como os subsídios e financiamento aos combustíveis fósseis, e para que transfiram todo o financiamento atual para o desenvolvimento de energias limpas;
- Exortamos os países de elevado rendimento a fazerem maiores cortes nas emissões de gases com efeito de estufa, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC;
- Exortamos os países de elevado rendimento a efetuarem a transferência de fundos prometida aos países de baixo rendimento, para ajudar a aplicar as necessárias medidas de mitigação e adaptação;
- Instamos os governos a construírem sistemas de saúde resilientes ao clima, com baixa produção de carbono e sustentáveis; e
- Instamos os governos a garantirem igualmente que os investimentos na recuperação da pandemia apoiarão a ação climática e reduzirão as desigualdades sociais e sanitárias.
As ações solicitadas nesta carta, que são necessárias, embora não suficientes para resolver completamente as crises climática e sanitária, são muito importantes para proteger as pessoas em todo o mundo. Exortamos os nossos líderes a implementá-las e apelamos aos decisores na COP26 para que ajam imediatamente e que o façam de modo decisivo.
Estas medidas relacionadas com o clima devem ser tomadas de imediato, para proteger o planeta e a saúde, o bem-estar e a prosperidade de todas as pessoas das presentes e futuras gerações.