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Abrasco critica proposta dos planos populares em jornal carioca

Bruno C. Dias com informações do jornal Extra

Ouvido pelo jornal Extra, Nilton Pereira Júnior, professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (DSC/Famed/UFU), apontou as falhas da proposta de Ricardo Barros sobre a criação de planos de saúde populares. “Quem aderir a um plano popular não terá qualidade nos serviços, pois isso já não existe atualmente”, foi uma das falas do professor publicadas na edição do domingo, 17 de julho, pelo jornal, com circulação no estado do Rio de Janeiro.

A matéria ressalta os interesses aos quais Ricardo Barros está atrelado, repetindo os posicionamentos já declarados de que o mercado será autônomo para decidir a prestação ofertada por essa cobertura privada e limitada. O objetivo fica claro na última linha: recompor a carteira de clientes dos planos, com expectativa de dois milhões de usuários.  Leia abaixo na íntegra ou acesse diretamente na publicação:

Planos de saúde populares devem custar a partir de R$ 80, para exames ou consultas
Por Nelson Lima Neto

Com a justificativa de aliviar a rede pública de assistência médico-hospitalar e manter o equilíbrio do sistema de saúde privado, que vem perdendo usuários por conta da crise no país, o Ministério da Saúde estuda permitir a criação de planos populares, com a oferta de serviços unificados, como consultas ou exames, por preços entre R$ 80 e R$ 120 por mês. Segundo a proposta inicial, se o usuário viesse a precisar de uma cobertura mais ampla, ele poderia escolher entre algumas ofertas a serem incluídas no convênio contratado.

O projeto está dando os primeiros passos. Quando for finalizado, será apresentado pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Caberá ao órgão autorizar e regulamentar a flexibilização.

— As propostas serão feitas pelo mercado. Nós não teremos ingerência sobre esse termo. Nosso papel é financiar a saúde e possibilitar que a população tenha acesso ao que deseja. Se preferir a saúde complementar com planos básicos, terá o serviço à disposição — disse o ministro.

A explicação de como funcionará o produto veio de Pedro Ramos, diretor da Associação Brasileira de Planos de Saúde:

— Será como se o usuário escolhesse seu combo de TV paga. Neste caso, ele vai selecionar a assistência médica que melhor lhe convém — disse.

O casal Isaac Vicente, de 29 anos, e Mônica Amorim, de 24, que hoje não tem cobertura de saúde, teria um plano popular em duas hipóteses.

— Teríamos um, se tivéssemos um filho ou um idoso para cuidar. Faria um bico para pagar o plano — disse ele

Associação alega que proposta é ineficiente: A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e o Instituto Brasileira de Defesa do Consumidor (Idec) lançaram uma campanha contra a proposta do ministro Ricardo Barros. Para as duas instituições, os planos populares não resolverão o problema da saúde no país.

— Quem aderir a um plano popular não terá qualidade nos serviços, pois isso já não existe atualmente — alertou Nilton Pereira, vice-presidente da Abrasco. Segundo ele, a associação planeja questionar de duas formas a proposta do Ministério da Saúde, ambas por via judicial, recorrendo ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A fiscal de ônibus Norma Sueli, de 57 anos, sabe exatamente que tipo de cobertura seria mais conveniente num plano popular. Mas reforça que, caso o serviço não seja de qualidade, melhor continuar indo a hospitais públicos.

— Se fossem inclusos exame de sangue, preventivo e ultrassonografia transvaginal, eu pagaria. Do contrário, não valeria a pena. Se é para pagar e não ter exames, prefiro ir para o SUS.

Desemprego é inimigo: De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, o desemprego que vem aumentando no país nos últimos tempos tem sido o responsável pela fuga de usuários dos planos de saúde particulares.

— A assistência suplementar só terá o crescimento desejado quando voltarmos a gerar empregos. As pessoas perderam seus postos e seus planos corporativos — disse. Nas contas dos associações de saúde complementar, aos menos 1,5 milhão de pessoas deixaram de ter coberturas privadas em todo o país, desde 2014. O impacto recaiu sobre os hospitais públicos.

— O Rio de Janeiro sofreu com o aumento da demanda nos hospitais. Em 2015, tivemos que atender quase 400 mil pessoas a mais do que em 2014 — disse o secretário estadual de Saúde, Luiz Antônio Teixeira, durante a apresentação do plano de assistência de saúde para os Jogos Olímpicos.

Com a criação dos planos de saúde populares, a expectativa das empresas é de aumento em cerca de dois milhões de usuários da assistência complementar em um ano.

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