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 NOTÍCIAS 

Abrasco debate os diversos sentidos da pandemia na imprensa

Thereza Reis

Foto: Roberto Parizotti

Com mais de 139 mil mortes notificadas, o Brasil falha no enfrentamento à Covid-19 e as mortes causadas pela doença já são a maior causa dos óbitos registrados no período de um ano, segundo levantamento do portal Uol que analisou dados do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. As doenças isquêmicas do coração têm um histórico de liderança em causa-morte, chegando a 116 mil em 2019, em dados preliminares. A primeira morte por Covid-19 no país aconteceu em 12 de março.

A reportagem do Uol entrevistou Bernadete Perez, vice-presidente da Abrasco, que afirmou que o país não conseguiu conter o avanço da doença ainda na fase inicial pelo desfinanciamento que o SUS tem passado, provocando o enfraquecimento dos pilares do sistema. “Isso era possível com uma rede ampla de atenção primária à saúde, com capacidade de fazer vigilância epidemiológica que conseguisse fazer busca ativa, mapeamento e rastreamento. Assim, a gente conseguiria quebrar a cadeia de transmissão do vírus; vimos isso em vários países. Em que pese as diferenças sociais e regionais, era possível ter evitado grande parte dessa tragédia”, disse Bernadete, que falou também sobre a ampliação da rede e dos serviços do SUS em estados do Norte e do Nordeste como legado da pandemia em outra matéria do portal Uol.

Opinião semelhante a de Guilherme Werneck, também vice-presidente da Abrasco, que classificou como “constrangedora” a resposta brasileira à pandemia, durante o seminário “O Brasil após seis meses de pandemia da Covid 19 – I Ciclo de Debates do Observatório Covid-19′, realizado pela Fundação Oswaldo Cruz. Na ocasião, segundo relatado na matéria do Projeto Colabora, Werneck afirmou que “o país tinha uma experiência acumulada em saúde, bases de dados confiáveis, um Sistema de Saúde integrado: tínhamos condições de enfrentar a doença de uma maneira capaz de poupar muitas vidas”, afirmou. De acordo com o professor do IMS/ UERJ e IESC/UFRJ, “faltou levar a epidemia a sério em muitas instâncias, faltou comunicação adequada ao público, faltou coordenação, perdeu-se tempo com debates inúteis. O Brasil apresentou falhas em todas as fases”.

Sobre as diferentes fases da pandemia no país, Werneck alertou para a tendência de queda, mas não para todas as regiões, pois há tendência de crescimento em algumas. “Não é possível comemorar que o número de mortes diárias tenha caído de 1200 para 800. São números inadmissíveis, inaceitáveis. A pandemia ainda está em andamento e o Brasil enfrenta um desastre sanitário”, enfatizou Werneck.

Inquérito sorológico

Matéria do jornal SPTV, da Rede Globo, em 11 de setembro, abordou os resultados do inquérito sorológico que apontou que a contaminação pelo novo coronavírus aumentou 56% nas classes A e B na cidade de São Paulo. A abrasquiana Anaclaudia Fassa alertou que, mesmo a contaminação apresentando queda na época, cenário que já é outro passados alguns dias, o risco de contaminação era, e ainda é, alto. “O percentual da população que tem anticorpos para a Covid-19 é baixo na cidade de São Paulo. A terceira etapa do inquérito sorológico da prefeitura mostrou uma prevalência de 10, 11% da população com anticorpos. Então, o que acontece, temos muitas pessoas suscetíveis”, explicou a professora da Universidade Federal de Pelotas e integrante do Conselho Deliberativo da Abrasco.

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