“Los indios de las Américas viven exiliados en su propia tierra. El lenguaje no es una señal de identidad, sino una marca de maldición. No los distingue: los delata. Cuando un indio renuncia a su lengua, empieza a civilizarse. ¿Empieza a civilizarse o empieza a suicidarse?”1
Estamos sitiados. Poder-se-ia dizer que há séculos os povos indígenas do Brasil estão ameaçados. A sobrevivência de sua cultura, de seus corpos e línguas é testemunha de imensa resistência e luta.
Contudo, é mister dizer que desde o advento da República nunca se viu no país tamanha ameaça deslavada, cruel, insensível, genocida como a levada a cabo pelo atual governo federal. A tentativa de aprovar o marco temporal nada mais é do que a legitimação dessa política de extermínio. Uma política para exacerbar o extrativismo e a depauperação da natureza.
Porém, o Brasil não será mais o Brasil sem seus povos originários e sem as florestas que eles ajudam a preservar. O planeta se verá empobrecido de sua diversidade genética e cultural. Um mundo mais triste, mais seco e mais pobre.
É imprescindível que o STF se manifeste contra a abjeta tese do marco temporal, como garantia de civilidade e de estabilidade jurídica. Os brasileiros que ainda não nasceram e as crianças assim o demandam.
Sem a proteção dos povos indígenas não haverá futuro. Sem o respeito pelas terras indígenas não haverá esperança para as gerações futuras.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) sentindo-se responsável por seu papel social de defesa dos interesses públicos, em defesa da vida e das gerações futuras, em defesa da cultura e da brasilidade, se manifesta veementemente contra a aprovação da tese do marco temporal pelo STF.