Atualizada em 2/09/2021
O direito humano à vida e a justiça social são prerrogativas inalienáveis da democracia plena. Por isso, todas as manifestações de racismo, em suas diferentes expressões e dimensões, são fortemente rechaçadas, especialmente àquelas institucionais cujas entranhas permitem práticas, atitudes e valores que insistem em alijar as maiorias minimizando-as, especialmente nos espaços acadêmicos, intimidando-as ao tentar invisibilizá-las. Isso configura violação de seus direitos e impacta negativamente na saúde e, por conseguinte, em suas vidas. Por isso, a pauta antirracista é inadiável, inegociável e nos mobiliza.
Ao tomar conhecimento da investigação do caso do Prof. Dr. Wallace dos Santos de Moraes, docente e pesquisador do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS/UFRJ), que segundo nota do coletivo de docentes negros e negras da UFRJ foi vítima de racismo por seu colega de departamento durante reunião departamental para escolha de membros integrantes de uma banca de concurso na UFRJ.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) vem a público manifestar total apoio ao Prof. Dr. Wallace Moraes, ao mesmo tempo em que exige adequada apuração dos fatos.
Acreditamos que a Universidade Federal do Rio de Janeiro, uma instituição centenária, não tergiversará sobre esta questão, posto que é partícipe e atuante na luta antirracista. Portanto, mostrará não só para a sua comunidade acadêmica, mas para toda a sociedade como lidar com fatos esdrúxulos como o relatado. A adoção de medidas cabíveis nas diferentes esferas administrativas pertinentes são aguardadas a fim de que ajam de forma pedagógica e inequívoca com a finalidade de banir práticas de tais naturezas, fortemente alicerçadas em históricos de inações institucionais, bem como em relações (interpessoais) de poder que hipoteticamente chancelam comportamentos tais como este, de tamanha gravidade, e que com frequência são silenciados, desqualificados, esvaziados ou considerados insignificantes. Reverter esta práxis será uma oportunidade ímpar para a UFRJ.
Por fim, não há razoabilidade e justificativa plausível para quaisquer condutas racistas, por se caracterizar violação de direito. Portanto, é imperioso viabilizar uma investigação que garanta lisura e isenção a partir da composição de um grupo de trabalho que contemple a diversidade de representação da UFRJ, de modo transparente e justo. Isto reafirmará a reconhecida excelência da UFRJ ao mesmo tempo que dará resposta à altura ao anseio por justiça, não só à comunidade da UFRJ, mas à sociedade brasileira.
Atualização: O IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) decidiu ontem (1), por unanimidade, revogar a banca que iria admitir novos docentes na instituição. A decisão ocorreu após entidades e o acadêmico questionarem o gesto como racista e acionaram a reitoria da universidade. Leia a matéria completa do UOL Educação.