
Com o objetivo de fortalecer os Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC), especialmente aqueles em processo de consolidação, a Abrasco, em parceria com Capes e Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, realizou o 1º Curso de Fortalecimento da Pós-Graduação em Saúde Coletiva Brasileira. O encontro aconteceu entre os dias 28 de julho a 01 de agosto, na sede da Fiocruz em Brasília. A iniciativa reuniu representantes da SGTES/MS, da Capes e coordenadores de mais de 40 programas, promovendo debates, trocas de experiências e articulações voltadas à superação de desigualdades regionais e institucionais.
Segundo avaliação da vice-presidente da Abrasco, Carmem Leitão, o curso permitiu uma imersão significativa nos principais desafios enfrentados pelos programas, fortalecendo estratégias comuns e ampliando a compreensão sobre o papel da pós-graduação no campo da Saúde Coletiva. O destaque foi a articulação entre o compromisso acadêmico e o compromisso social da formação, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde.
“A proposta de aprofundar temas estruturantes, como os projetos político-pedagógicos, os processos formativos, a produção científica e técnica, as ações afirmativas e o impacto social da pós-graduação, se concretizou em um espaço de análise crítica e troca de experiências entre programas em fase de consolidação”, afirmou Carmem. Para ela, o curso superou os objetivos inicialmente delineados ao promover uma formação que foi além da abordagem técnico-acadêmica.
Além dos conteúdos programáticos, a atividade também evidenciou a importância das relações entre os participantes. O curso se consolidou como espaço de diálogo qualificado e cooperação, contribuindo para reforçar o sentimento de pertencimento à área. Essa dimensão evidencia uma característica central da Saúde Coletiva brasileira: a produção de conhecimento articulada a um projeto ético, político e transformador, voltado à superação das desigualdades sociais.

A coordenação da área de Saúde Coletiva na Capes tem atuado para reduzir as desigualdades no alcance regional dos programas, promovendo a cooperação e a solidariedade entre instituições. E, para Aylene Bousquat, coordenadora adjunta da área na Capes, o curso representa um passo importante nesse esforço. “Ele traduz uma experiência inédita e inovadora, que visa contribuir com a consolidação e o avanço dos programas de pós-graduação no campo da Saúde Coletiva, reduzindo assimetrias regionais e qualificando a formação de docentes, pesquisadores e profissionais voltados para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde”, afirmou.
Para Rômulo Paes, presidente da Abrasco, a construção do curso desde sua concepção, em novembro de 2023, até sua realização em Brasília, expressa a potência da articulação institucional no campo da Saúde Coletiva. “É muito surpreendente que tenhamos conseguido pensar, desenvolver e iniciar esse primeiro exercício em tão curto prazo. Muitas coisas fundamentais na academia brasileira começam em momentos não canônicos. Este é um exercício que pretende convergir atividades realizadas no cotidiano, promovendo o intercâmbio de experiências e respostas às diversas demandas da gestão dos cursos de pós-graduação em Saúde Coletiva.”
A presença do Ministério da Saúde nesta iniciativa também reforçou a centralidade da articulação entre formação, política pública e gestão do SUS. Para Felipe Proenço, Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), reconhecer a pós-graduação como parte estratégica do sistema é fundamental para o avanço das políticas de saúde no país.
“Não é possível desenvolver as iniciativas estratégicas do SUS sem reconhecer a gestão do trabalho e da educação na saúde como áreas centrais. Elas não são setores auxiliares, mas campos estratégicos que precisam dialogar com todas as demais políticas públicas. Nesse contexto, o fortalecimento dos programas de pós-graduação tem papel fundamental. As análises e contribuições desses programas devem estar integradas à formulação e à implementação das políticas, junto aos serviços de saúde. Não se trata de uma avaliação externa e dissociada, mas de uma produção de conhecimento em ato, comprometida com a realidade e com o aprimoramento das políticas públicas”, afirmou Proenço.
Na avaliação de Antônio Rodrigues Ferreira Júnior, integrante da coordenação colegiada do Fórum de Coordenadores da Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco, a iniciativa representa um marco para a área. “O curso materializa um desejo antigo dos coordenadores: ter um espaço formativo e acolhedor, voltado a programas com desafios similares. Foi uma oportunidade de reconhecer a importância das singularidades e dos arranjos locais na formação de recursos humanos para o SUS. O Fórum seguirá apoiando iniciativas como esta, fundamentais para que a pós-graduação em Saúde Coletiva siga sendo um espaço de resistência, inovação e compromisso com a melhoria do Sistema Único de Saúde.”