“Adoecimento e pobreza: estratégias de enfrentamento do ciclo vicioso” foi o tema do painel 13, apresentado nesta terça-feira (28), durante a tarde de discussões da 14ª Mostra Nacional de Experiências Bem-sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi).
O evento é realizado em Brasília e reúne equipes de vigilância dos estados e municípios brasileiros, até a próxima sexta-feira (31). Na mesa de abertura, estiveram presentes Luis Eugenio Souza representou a Abrasco, além do diretor do Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde (DEVIT/SVS), Cláudio Maierovitch Pessanha Henriques, da diretora da Rede Global de Enfermidades Desatendidas, Mirta Periago e os representantes do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Rafael D´Aquino Mafra e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil, Joaquín Molina estiveram presentes à mesa de abertura.
Cláudio Maierovitch falou sobre os avanços e desafios frente às doenças decorrentes e perpetuadoras da pobreza. Segundo o diretor do DEVIT, “todas as doenças são mais graves, mais transcendentes, mais incapacitantes e excludentes para os mais pobres.”
Ações integradas – Para redução da carga de doenças decorrentes e perpetuadoras da pobreza, o Ministério da Saúde criou a Campanha Integrada de hanseníase e geo-helmintíases, com tratamento de 2.9 milhões de escolares com albendazol, o diagnóstico de 291 casos de hanseníase em menores de 15 anos de idade. E ainda 45.295 alunos foram examinados em 34 municípios, dentre os quais 2.307 foram confirmados para tracoma (5,1%). Cláudio Maierovitch destacou ainda a importância do diagnóstico oportuno e tratamento precoce dos casos detectados, visando a redução de casos das doenças, como por exemplo, a leishamniose, a diarréia aguda e os acidentes ofídicos, que em 2013 alcançou 28.238 casos.
Para concluir, o diretor do DEVIT disse que a vigilância deve ser integrada ao conjunto da atenção básica e que ainda existem outras metas a serem alcançadas para erradicação das doenças ligadas à pobreza no Brasil. “Devemos ampliar o nosso trabalho com foco na integração da vigilância ao conjunto da atenção, alcançar populações vulneráveis, investir em novas estratégias e tecnologias, identificar grupos com dificuldade de acesso e multiplicar experiências de sucesso”, reforçou.
Projetos MDS – O gerente de projetos do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Rafael Mafra, apresentou os resultados do Plano Brasil Sem Miséria. O plano tem o objetivo de eliminar a extrema pobreza no Brasil. “A pobreza é um fenômeno multidimensional. Por isso, o Plano Brasil Sem Miséria inclui cerca de 100 ações executadas por 22 ministérios”, explica. O Plano é coordenado por um ministério setorial, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e a coordenação é realizada por meio da Secretaria Extraordinária para Superação da Extrema Pobreza (Sesep) . O Plano apresentou resultados significativos no ambito econômico e social no país. Os principais avanços foram na área de inclusão produtiva urbana, inclusão produtiva rural e acesso à serviços sociais.
Abrasquianos homenageados
Em todas as edições, a Expoepi concede homenagem a profissionais pela relevante contribuição dos seus trabalhos para o desenvolvimento das ações de epidemiologia, prevenção e controle de doenças no país. Dentre os homenageados desta edição, estão os abrasquianos:
Moisés Goldbaum – Médico, mestre e doutor em Medicina Preventiva pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Desde 1970, é docente do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, sendo hoje professor sênior. Presidiu a Associação Brasileira de Pós Graduação em Saúde Coletiva – Abrasco – de 2003 a 2005 e foi presidente também do V Congresso Brasileiro de Epidemiologia. Em várias gestões da Abrasco, compôs sua comissão de Epidemiologia e, mais recentemente, a de Ciência e Tecnologia.
Márcia Furquim de Almeida – É livre docente do Departamento de Epidemiologia da faculdade de Saúde Publica da USP. Sua produção científica está voltada para epidemiologia perinatal e sistemas de informação em saúde, e tem trabalhos em colaboração com a London School of Tropical Medicine, desde 1999. Fez parte da Diretoria da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), participa da Comissão de Epidemiologia desta associação e é editora científica da Revista Brasileira de Epidemiologia.
Marilisa Berti de Azevedo Barros – Médica, com especialização em Saúde Pública (FSP-USP), mestrado e doutorado em Medicina Preventiva
(FMRP-USP) e pós-doutorado pela London School of Hygiene and Tropical Medicine. É professora titular da área de epidemiologia do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP. É editora adjunta da Revista Brasileira de Epidemiologia, coordenou a comissão organizadora do 1º Congresso Brasileiro de Epidemiologia – UNICAMP (1990). Foi vice-presidente da Abrasco (1994-96) e coordenadora da Comissão de Epidemiologia (1990-1992,1996-1997) dessa associação.