Em 1987 a Carta das Mulheres Brasileiras aos Constituintes exigia a criação de “um Sistema Único de Saúde constituído a partir de uma nova política nacional de saúde e implementado por serviços públicos de saúde coletiva e assistência médica integrados”. Para discutir a participação das mulheres no Movimento da Reforma Sanitária Brasileira e na fundação do SUS, o Huffpost Brasil ouviu Ana Costa, fundadora do GT Gênero e Saúde da Abrasco e figura histórica na luta pelos direitos reprodutivos e pela saúde das mulheres.
Ana Costa foi responsável pelo Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), criado durante o governo de João Batista Figueiredo, ainda na ditadura militar: “A demanda por saúde era muito forte no movimento de mulheres no Brasil. Os grandes grupos feministas tinham como centro questões associadas à saúde, à contracepção, planejamento familiar”, afirmou a pesquisadora em entrevista ao portal.
Costa contou que o PAISM foi uma “guinada” na ideia de que a saúde das mulheres é mais que gestar e parir: ″Ainda não tinha um conceito de gênero bem desenvolvido, mas sob essa influência feminista, a gente vocaliza, por meio dessa política, uma forma de a saúde tratar a mulher para além da função reprodutiva”. A pesquisadora também falou sobre os direitos das mulheres no Brasil de hoje, e pontuou que “o movimento feminista e a defesa do serviço de saúde universal são indissociáveis”.
A matéria do Huffpost também citou Fernanda Lopes, do GT Racismo e Saúde da Abrasco, que ressaltou que os serviços de saúde reprodutiva são mais inadequados quando as usuárias são puérperas pretas e pardas. “A exposição sistêmica do racismo tem expressões em sua saúde física e mental, a depressão pós parto é uma delas”.
Leia a matéria Como o movimento de mulheres no Brasil contribuiu para construção do SUS na íntegra.