Marcelo Queiroga, ministro da saúde, anunciou o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) da Covid-19, em vigor desde 2020, neste mês de abril. Significa que a autoridade sanitária deve revogar todas as medidas de prevenção ao novo coronavírus no Brasil. Pesquisadoras da Abrasco conversaram com a imprensa sobre, e afirmaram que a decisão é precipitada.
“Não sabemos ainda como o vírus vai se comportar, estamos vendo que toda vez que ele se dissemina em massa produz variantes. Acho muito precipitada essa situação que vários países optaram. Deveríamos ser um pouco mais cuidadosos para impedir o vírus”, disse Ligia Kerr, vice-presidente da Abrasco, ao O Povo. A epidemiologista explicou que a Espin permite, por exemplo, agilidade na compra e distribuição de vacinas e outros insumos.
Já Anaclaudia Fassa, do Conselho Deliberativo da Abrasco, conversou com o UOL sobre o conceito de endemia, e explicou que a quantidade de óbitos por Covid-19 ainda é muito alta para a doença ser enquadrada nesses critérios: “Endemia é quando se tem uma estabilização. Ela é boa quando o número de mortes é baixo, o que não é o caso. Temos hoje em média 100 mortes por dia. Se multiplicar para um ano, morreria três vezes mais gente de Covid que de HIV, duas vezes mais que câncer de mama, o mesmo número que acidentes de trânsito”, pontuou.
À Rede TVT, Anaclaudia acrescentou que ainda não se sabe o futuro do vírus e suas consequências, já que a imunidade conferida pelas vacinas diminui com o tempo: “O que acontecerá quando a 3ª dose completar 6 meses? O que acontecerá se surgir uma variante que não está coberta pela imunidade da vacina?”.
Bernadete Perez, também vice-presidente da Abrasco, também expressou muita preocupação com o fim da ESPIN: “A gente diz que existe uma consequência direta na compra de insumos, equipamentos, medicamentos, na própria logística da capacidade instalada, da logística da imunização, quer dizer, a consequência pode ser gravíssima”. Ela conversou com a Rádio UFMG.
A Abrasco e demais organizações da sociedade civil publicaram uma nota contra a medida anunciada pelo Ministro da Saúde, afirmando que a decisão não está respaldada “pelo cenário epidemiológico nem pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e representa mais uma ação do governo federal contra o povo brasileiro”. O Viomundo repercutiu a manifestação.