Em entrevista para a Folha de S. Paulo, abrasquianos alertam para decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que suspende a necessidade do uso de máscaras em aviões e aeroportos no Brasil. A matéria ouviu o vice-presidente da Abrasco, Claudio Maierovitch e a abrasquiana Ethel Maciel sobre a suspensão da obrigatoriedade da medida sanitária
O vice-presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), Claudio Maierovitch, diz que do ponto de vista científico, retirar a obrigatoriedade significa facilitar a transmissão do vírus. “Não entendo por que tamanha pressa em tirar um instrumento que comprovadamente funciona para frear isso”, afirma o epidemiologista, que ressalta que a média móvel de mortes provocadas pelo coronavírus —atualmente, 176 por dia— ainda é alta.
A abrasquiana e integrante da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, Ethel Maciel, professora da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo), entende que faz sentido realizar o debate agora sobre a obrigatoriedade ou não do uso. “Já esperávamos que no final de julho ocorresse a diminuição da onda da variante ômicron. De todos os momentos que passamos [na pandemia], esse é o mais oportuno para a discussão”, afirma.
“Diria que o transporte aéreo é um dos únicos lugares do Brasil que tivemos a colocação de filtros HEPA [‘alta eficiência de filtragem de partículas do ar’, em português], investimentos de melhoria de qualidade do ar. Porém, ainda que haja esse filtro, se você estiver em um ambiente fechado, é melhor se proteger com a máscara”, recomenda Maciel.
Para os pesquisadores, apesar da baixa na transmissão do vírus, o uso de máscara ainda é uma alternativa eficiente para a prevenção da Covid-19 e de outras infecções respiratórias: “É uma medida barata, simples, efetiva e que não tem efeitos colaterais, nem impactos negativos sobre a autonomia das pessoas. Então, ela deveria ser a última a ser retirada”, finaliza Maierovitch.