Ao assumir a pasta da Saúde, o médico Arthur Chioro reafirma compromisso em dar continuidade e avançar no Mais Médicos e diz querer se aproximar mais dos estados na gestão do SUS. O novo ministro, Arthur Chioro, foi empossado nesta segunda-feira (2), em Brasília, numa cerimônia que contou com a presença da Abrasco.
Durante o discurso de posse, Chioro destacou que recebeu da presidenta Dilma Rousseff a missão de implantar uma nova política nacional de atenção hospitalar que já vem sendo concebida e pactuada pela equipe do Ministério da Saúde, mas que necessita da adoção de medidas estratégicas para que o hospital funcione em sintonia com a rede SUS e para uma oferta de assistência de qualidade, eficiente e humanizada à população brasileira.
Leia aqui o discurso de posse do ministro Arthur Chioro
Além do presidente da Abrasco, Luis Eugenio Souza, estiveram na capital federal para a posse do novo ministro, as vice-presidentes Laura Macruz e Eli Iola, além de Ligia Bahia, membro do Conselho da Associação. Para o Secretário Executivo da Abrasco, Carlos Silva, que acompanhou a posse em Brasília ‘O discurso de Chioro englobou todas as questões da saúde no seu sentido mais amplo, avanços e desafios das doenças, do modelo de assistência, da relevância do SUS e frisou que dará continuidade ao trabalho do Padilha’, enfatiza Silva.
Confira aqui os depoimentos feitos, com exclusividade, para o site da Abrasco:
Ligia Bahia
‘A posse do novo Ministro da Saúde foi marcante tanto em função das características peculiares da recomposição política e político-partidária da instituição quanto pela mudanças de tom do discurso do atual ocupante do cargo. A principal alteração em termos políticos é a saída de um quadro partidário com passagem pelas tarefas de articulação nacional e entrada de um experiente gestor municipal que é militante do PT. Evidentemente, o fato do sucessor e seu antecessor serem originários de São Paulo e militarem no PT não é mero acaso. Tais afinidades certamente emprestarão um forte conteúdo de continuidade à gestão que se inicia. As mudanças ficarão por conta das diferenças entre as trajetórias de Padilha e Chioro que, inclusive, matizaram seus discursos de posse. Enquanto o Ministro Padilha apresentou suas credenciais como uma liderança política capaz de contribuir para a saúde, Artur Chioro exibiu um extenso currículo profissional exclusivamente dedicado à gestão do SUS e a atividades docentes. Em sua posse Padilha fez referência a pesquisas que já naquele momento antecipavam a extensão e profundidade dos desafios para a saúde. Atualmente, a saúde, em diversas pesquisas de opinião, mesmo naquelas realizadas após o anuncio e efetivação das primeiras etapas do Programa Mais Médicos, segue representando o principal motivo de preocupação da população. O Ministro Chioro se declarou inquieto, agitado e idealista e compartilhou conosco sua disposição para enfrentar desafios. A Abrasco é por definição uma entidade inquieta, agitada e desde sua fundação exibe comprovado pendor em encarar de frente os desafios de formulação e implementação da Reforma Sanitária Brasileira. Temos, portanto, compromissos comuns: a gestão do SUS universal e produção de conhecimentos para a radicalização da democracia. Não são compromissos triviais, requerem avaliação permanente dos avanços e limites dos processos em curso, reconhecimento histórico e capacidade de honrar a luta e os lutadores que erigiram o SUS, intenso dialogo e a mobilização e articulação de uma ampla e diversificada frente de forças sociais’.
Laura Macruz
‘Em seu discurso, Chioro assumiu compromissos claros, inclusive alguns tensos, como o combate às internações compulsórias na saúde mental, contra as OSS (denunciando para a ministra Miriam Belchior que a situação atual em relação às modalidades de gestão tem levado à privatização do SUS), em favor da produção de políticas de modo mais participativo, tanto em relação aos gestores das demais esferas, como em relação aos trabalhadores e usuários do SUS, contra a burocratização que inferniza a gestão municipal e o cotidiano dos trabalhadores na ponta do sistema. Diversas vezes expressou seu compromisso radical com a defesa da vida’.
Luis Eugenio Souza
‘O discurso de Chioro foi o de uma liderança política, comprometida com a reforma sanitária e o SUS universal e igualitário, que possui, ao mesmo tempo, um profundo conhecimento técnico da área da Saúde Coletiva. Nesse sentido, a homenagem que fez ao grande sanitarista Davi Capistrano foi simbólica. Chamou atenção no seu discurso, a abrangência da sua visão dos desafios do SUS e da saúde dos brasileiros: nenhum aspecto ficou de fora. É difícil identificar um ponto específico que tenha sido mais bem abordado, mas, pela emoção que provocou nele mesmo, o cuidado à saúde mental merece ser destacado, sendo um alento nessa época de avanço de propostas obscurantistas’.