Um grupo de 18 profissionais do Programa Mais Médicos transformaram a realidade da saúde na cidade de Embu-Guaçu, Grande São Paulo, ao atender pela primeira vez portadores de quadros de doenças crônicas, como o Mal de Alzheimer, nessa periferia paulista. No entanto, com a decisão do governo Bolsonaro em suspender o convênio com o governo de Cuba, 16 dos 18 profissionais lotados no município tiveram de retornar ao país de origem, gerando um vazio assistencial num território marcado por ter um dos menores IDH do estado. Esse é o quadro traçado pelos repórteres Mariana Castro e Joe Hill na matéria “How Brazil’s new president is creating a healthcare crisis for his country’s poor” ou “Como o novo presidente do Brasil está criando uma crise no sistema de saúde para os cidadãos mais pobres”, em livre tradução, publicado no site internacional da revista VICE.
A Abrasco foi ouvida pela reportagem, que tentou entender o real significado que a decisão do governo federal causou no cotidiano das cidades com menores índices de desenvolvimento e mais afastadas dos centros urbanos. “Imagine que você mora em um lugar remoto, com transporte precário e condições de vida e assistência. Perder [esses médicos] por um período prolongado causará um problema sério.”, disse Luiz Augusto Facchini, coordenador da Rede de Pesquisas em Atenção Primária a Saúde (Rede APS) e presidente (2009-2012) da Associação à VICE News.
Facchini avaliou também as decisões posteriores tomadas pelo Ministério da Saúde. “Os grandes dilemas são exatamente como antes”, disse Facchini, que teme que, a cada dia que o governo não consiga restaurar o programa, mais os brasileiros da classe trabalhadora sofrerão. “Mais Médicos não terminou, mas pelo menos metade dos médicos que estavam precisamente em lugares de maior necessidade, foram embora – portanto, para as pessoas nessas áreas, o programa acabou.”
Além da Abrasco, participam também da matéria Mateus Falcão, consultor especial do PMM de 2013 a 2016; Maria Dalva Amim dos Santos, secretária de saúde de Embu Guaçu; Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quarterly, e Walter Cintra Ferreira Junior, coordenador do curso de especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde da Fundação Getúlio Vargas – São Paulo (FGV- SP). Clique e leia a matéria na íntegra, em inglês.