Dados do Centro de Derechos Reproductivos (CDR) apontam que 51% de todo agrotóxico utilizado no mundo, em 2020, foi aplicado na América Latina. No Brasil, estima-se que 15549 pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos, entre 2019 e 2022, e pelo menos 439 morreram. A fim de contribuir com a discussão sobre os impactos dos venenos na saúde reprodutiva, a Abrasco organiza a produção de uma nota técnica, com envolvimento de diversos Grupos Temáticos (GT) da Associação, e com apoio do CDR.
O projeto foi apresentado durante a “Oficina Inter GTs ampliada sobre Vigilância da Saúde de populações expostas aos agrotóxicos e saúde reprodutiva“, que integrou a programação do pré-simpósio do 9º Simbravisa, em 21 de novembro. O objetivo do encontro foi refletir sobre as perspectivas apontadas na Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA), e receber mais contribuições para o documento.
Lia Giraldo, do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, explicou que a articulação começou em agosto, e que a perspectiva, agora, é criar uma Rede de Pesquisa em saúde reprodutiva e agrotóxicos. “Por enquanto, temos a nota técnica, que estamos construindo ao longo de todo o processo, e que receberá ajustes a partir dessa oficina. Mas a ideia é ir agregando mais gente. Além da nota, os participantes da atividade aprovaram uma moção, que será apreciada na plenária final do Simbravisa, assim como um manifesto do Movimento de Mulheres Camponesas”, contou Giraldo.
Nove GT’s da Abrasco participam dessa iniciativa: Saúde e Ambiente; Saúde do Trabalhador; Vigilância Sanitária; Saúde Indígena; Nutrição e Alimentação em Saúde Coletiva; Gênero e Saúde; Educação Popular em Saúde; Racismo e Saúde; além da Rede APS/Abrasco. Também estiveram na oficina representantes do CDR, Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida; GT Agrotóxicos da Fiocruz; e Fórum Nacional de Combate aos Efeitos dos Agrotóxicos.
Rosana Onocko Campos, presidente da Abrasco, destacou que, além da temática de muita relevância para toda a sociedade, também é um processo importante para a Abrasco: “Há um esforço da diretoria para produzir articulações Inter GT’s, valorizar o campo da Saúde Coletiva, as especializações de cada grupo, mas entender que as grandes soluções só virão da articulação e do trabalho conjunto”, disse.
A nota técnica está em processo de revisão, e , quando finalizada, será divulgada amplamente para toda a sociedade civil, e enviada formalmente para a presidência da República, Ministérios e demais autoridades.
Os participantes da oficina assinaram, ainda, duas moções, submetidas à plenária final do 9º Simbravisa: