Em mais uma movimentação que busca consolidar o atual status quo político, garantir benefícios frente à crise política e econômica e ampliar a agenda recessiva e de perdas de direitos, o governo Michel Temer negocia abertamente com a bancada ruralista o abrandamento da já ineficiente legislação atual sobre o uso de agrotóxicos e autorizar o uso de venenos com substâncias cancerígenas comprovadas. A Medida Provisória já foi redigida pela Casa Civil com contribuição das empresas do setor e aguarda apenas autorização para envio ao Legislativo. As informações são do projeto De olho nos ruralistas, integrante do portal Outras Palavras, que ouviu Karen Friedrich, pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana (Cesteh) e integrante da coordenação do Grupo Temático Saúde e Ambiente (GTSA/Abrasco).
“A MP vai piorar o que já é ruim. A Anvisa avalia os estudos toxicológicos conduzidos pela própria indústria que tem interesse em registrar o agrotóxico”, disse Karen à reportagem. Segundo ela, os estudos são limitados porque são realizados com um agrotóxico por vez, enquanto que no campo brasileiro já tenha sido detectado culturas que utilizam até 10 produtos químicos nas lavouras. “Ou seja, essa mistura não é testada nos laboratórios para o registro. Se temos um agrotóxico com risco de causar câncer individualmente, na presença de misturas essa probabilidade pode aumentar”, responde Karen. A matéria ainda cita dados do Dossiê Abrasco: Um Alerta sobre o impacto dos Agrotóxicos à saúde, que aponta que 70% dos alimentos in natura produzidos e comercializados no país estão contaminados. Leia aqui a matéria na íntegra.