Publicado na edição online da revista The Lancet no último dia 23, o artigo Zika virus and microcephaly in Brazil: a scientific agenda é assinado por um grupo de renomados cientistas brasileiros, muitos deles associados e ex-dirigentes da Abrasco. São eles Mauricio Barreto, Manoel Barral-Netto, Rodrigo Stabeli, Naomar de Almeida Filho, Pedro Vasconcelos, Mauro Teixeira, Paulo Buss e Paulo Gadelha.
Em sua abertura, o texto sinaliza que, desde 1981, a população brasileira vem enfrentando epidemias de dengue sem sucesso e faz um pequeno panorama da recente crise sanitária. Destaca também as ações em curso, lideradas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação em conjunto com as Fundações de Apoio à Pesquisa estaduais.
Os autores traçam seis ações centrais a serem prosseguidas e/ou efetivadas. A primeira é ampliar estudos e esforços que confirmem as evidências atualmente apontadas. Os especialistas concordam com a associação causal que vem sendo feita entre a microcefalia e demais problemas neurológicos com a detecção de traços genéticos do Zika vírus em boa parte dos casos, mas afirmam que esta hipótese ainda não pode ser taxada como conclusiva. “Para construir evidências robustas, é necessário um grande estudo de coorte multicêntrico, fundamentados em protocolos que envolvam mulheres infectadas e não infectadas com o Zika durante a gravidez”, escreveram os pesquisadores, acompanhado por um variado e qualificado time de especialistas composto por epidemiologistas, neonatologistas, geneticistas, obstetras, patologistas e antropólogos, além de outros profissionais.
O desenvolvimento de exames sorológicos rápidos e confiáveis; o controle da infestação do Aedes Aegypti utilizando todos os métodos atualmente conhecidos e a concentração de esforços para a produção de uma vacina e demais tecnologias são outros pontos destacados.
O último ponto, em diálogo com os demais, é a reprogramação do sistema de saúde brasileiro, juntamente com a definição de protocolos para o tratamento das mulheres grávidas infectadas e dos bebês acometidos por problemas decorrentes da má formação congênita.
“Tópicos relacionados à magnitude desse problema emergente, como sua projeção para os próximos anos, novos padrões, protocolos e necessidades de tratamento e ações para o sistema de saúde, deverão ser investigados. Para enfrentar essa nova situação, será fundamental a definição de recursos, a aplicação de treinamentos, e a capacidade de atendimento e o adequado financiamento”, apontam os autores. Clique e leia na íntegra.