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Abrasquianos definem novos passos de GTs e Comissões durante 8º CBCSHS

De 26 e 30 de setembro de 2019, a Universidade Federal da Paraíba recebeu 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde e junto com ele reuniões de Abrasquianos membros de Grupos Temáticos, Comissões, Comitês e Fóruns – ou seja, o corpo da Associação, que tradicionalmente aproveita os encontros em congressos para jogar luz nos temas mais urgentes de cada área da Saúde Coletiva. Embora seja cada vez mais frequente o debate virtual através da internet, estes abrasquianos não abrem mão do calor produzido numa reunião presencial para aquecer o corpo da esperança na luta por uma saúde melhor e para todos.

Para Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Abrasco: – “É muito bom ver que a cada Congresso da Abrasco nossas energias se renovam com o entusiasmo de nossos colegas dos GTs, Comissões, Fóruns e Comitês. Nestes encontros presenciais novas ideias surgem e as parcerias se fortalecem e, sobretudo, fortalecem o nosso compromisso com a luta pelo direito universal à saúde, por melhores condições de vida e pela democracia.”

Saúde do Trabalhador

Alguns membros do Grupo Temático Saúde do Trabalhador refletiram sobre a atual morfologia do mundo do trabalho, caracterizado pela intensificação da exploração do capital sobre os trabalhadores e trabalhadoras, expressa nos milhões de desempregados, desalentados, no aumento expressivo da informalidade, além daqueles que, embora estejam em relações formais de trabalho, estão em situações cada vez mais precarizadas. Para a coordenadora do GT, Jandira Maciel da Silva, os impactos desta exploração na saúde e na vida dos trabalhadores, das trabalhadoras e de suas famílias, e, portanto, de toda a população, já são observados, apontando para um cenário de barbárie sanitária: – “A partir destas considerações, iniciamos em João Pessoa, no seio do 8º CBCSHS, a construção do II Simbrast – Simpósio Brasileiro de Saúde do Trabalhador/Abrasco, a ser realizado em novembro de 2020. Para este encontro, buscaremos ampla participação da sociedade, desde a sua organização até a sua realização, que se dará pelo envolvimento da academia, profissionais do SUS, sindicatos, movimentos sociais e populares. O eixo central do II Simbrast se dará em torno das relações entre Saúde, Trabalho, Capitalismo e Estado, articulado em torno das resistências e da emancipação social. Em nome do GT Saúde do Trabalhador aproveito para agradecer a bela cidade de João Pessoa, por ter nos oportunizado este encontro”, explica Jandira que coordenou a reunião com a participação de Cátia Andrade; Celeida Barros; Cristina Medeiros; Élida Hennington; Kátia Reis; Rita Gomes e Simone Oliveira.

Saúde da População LGBTI+

A dinâmica da reunião do GT de Saúde da População LGBTI+ incluiu dois momentos distintos: a coordenação do GT reuniu alguns membros pela manhã do dia 26 e à tarde abriu o encontro para participação de congressistas interessados. Pela manhã foram discutidos e organizados documentos norteadores do GT, incluindo um plano gestor com seus principais desafios e demandas: – “A coordenação fez um balanço da importância de um Grupo Temático que discute os marcadores de identidade de gênero e orientação sexual na perspectiva da interseccionalidade no campo da Saúde Coletiva, especialmente nos 40 anos da Abrasco. Também fizemos uma avaliação do soft opening do GT, realizado na UNIFESP (São Paulo), em junho/2019. Foi estabelecida uma agenda de encontros presenciais e virtuais, incluindo uma no mês de outubro em Curitiba para produção científica do GT. É um desafio pensar na produção científica sobre a população LGBTI+ na realidade atual do Brasil, fortalecer políticas públicas que garantam a equidade e combater a violência LGBTIfóbica”, aponta Marcos Claudio Signorelli, um dos coordenadores do GT Saúde da População LGBTI+.

À tarde foi estabelecido diálogo com participantes do evento interessados na temática, incluindo representantes dos movimentos sociais, estudantes, docentes, pesquisadores/as e profissionais do SUS. Os/As participantes puderam conhecer o breve histórico do GT, bem como discutir a saúde da população LGBTI+ a partir de suas realidades, refletindo sobre estratégias de parceria e formação de redes. Como parte das atividades do GT no evento, destacaram-se duas atividades inaugurais em congresso da Abrasco, propostas pelo GT e parceiros institucionais: uma mesa que tratou da Política Nacional de Saúde Integral da População LGBT e outra com foco nas Violências contra a população LGBTI+ e sistemas de informação na área da saúde.

Saúde e Ambiente

O coordenador Diogo Ferreira da Rocha reuniu Lia Giraldo, Raquel Rigotto, Fernando Carneiro, André Monteiro e Karen Friedrich (remotamente via online), todos membros do Grupo Temático Saúde e Ambiente da Abrasco, para deliberar sobre dois pontos principais: – “O primeiro se refere a um processo de reorganização interna que estamos conduzindo com vistas ampliar o diálogo do nosso GT com a comunidade abrasquiana e a sociedade civil, que passa por novas estratégias de comunicação e divulgação de nossa produção coletiva e dos debates que temos realizado. E o segundo ponto foi a elaboração de estratégias para enfrentamento das crescente pressões política e administrativas sobre os pesquisadores que hoje ameaçam muitos dos grupos de pesquisa e trabalhos bastante inovadores e relevantes no campo da Saúde Coletiva, mas não só nele, em vários outros campos com os quais dialogamos. Dessa conversa resultou a proposta que o pesquisador Fernando Carneiro levou à Assembleia Geral da Associação, onde convidamos abrasquianos para para tratar da proteção de pesquisadores contra perseguição, assédio e desqualificação.” explicou Diogo.

Educação Popular em Saúde

As reuniões do GT Educação Popular em Saúde tiveram como principal pauta as ações que vêm sendo realizadas pelo coletivo no último ano, especialmente a organização do VI Encontro Nacional e I Encontro Latino Americano de Educação Popular e Saúde, em parceria com os outros coletivos nacionais de educação popular em saúde, Aneps, Anepop e Redepop. O encontro será realizado de 06 a 09 de fevereiro de 2020, na Parnaíba, Piauí. O GT debateu ainda as publicações, que estão sendo organizadas pelos membros do grupo, como a Coletânea “Agir Crítico em Saúde: Saberes e Trilhas pela educação popular”, em parceria com a Revista Interface (Botucatu) – Comunicação, Saúde, Educação.

O grupo também discutiu sobre as ações a serem implementadas no próximo ano: – “Dentre elas a construção de um projeto de pesquisa sobre a memória da EPS e outro sobre a formação, especialmente em duas perspectivas, a educação de base e a construção de ferramentas de formação e mobilização. O grupo fez um balanço da gestão colegiada dos últimos 3 anos, a avaliação foi muito positiva, especialmente com o protagonismo da EPS no 8° CBCSHS, em João Pessoa, e com a culminância da gestão no VI Eneps, onde deverá ser realizada a transição para o próximo coletivo gestor. Outro ponto positivo avaliado pelo GT foi a ampliação do diálogo com a diretoria da Abrasco, ocupando na gestão atual uma Vice-presidência e da ampliação da articulação com outros GTs e Comissões da Associação.” pontuou Luanda Lima.

Gênero e Saúde

O GT Gênero e Saúde discutiu a nova coordenação do Grupo Temático para o próximo triênio, que será composta por Ana Paula Reis, da Universidade Federal da Bahia e Ana Costa, da Escola Superior de Ciências da Saúde, no Distrito Federal: – “Ana Paula, apesar de nova no GT, é uma parceira de bastante tempo do Musa UFBA, de pesquisas e militâncias de várias de nós. Com certeza com o apoio do conhecimento e experiência da Ana, faremos um excelente trabalho nestes tempos difíceis. Foi também aprovada a inclusão de mais um integrante no grupo – Sondre Schneck, professor da Escola de Enfermagem da UFRGS, que estuda e milita na academia e nos movimentos sociais em prol da descriminalização do aborto. Nesta parte da reunião discutimos também a comemoração dos 25 anos do GT. Foi combinado que para a comemoração serão propostas atividades no Congresso de Epidemiologia, em Fortaleza, com uma mesa resgatando a história do GT e os avanços na incorporação da categoria de gênero na saúde coletiva. Será organizado ainda um número temático ou um número especial com artigos sobre o estado da arte em diferentes temáticas que envolvem o referencial de gênero, em particular, aborto, contracepção, sexualidade, Aids e violência de gênero.” explicou Daniela Riva Knauth.

Foi apresentado ainda um breve histórico da criação do GT Gênero e Saúde aos novos integrantes. Este histórico foi apresentado na forma de dois vídeos gravados com Estela Aquino e Ana Costa, fundadoras do Grupo. Foram elaboradas ainda duas Notas oficiais: sobre as censuras em torno da temática do aborto, que foi publicada pela Abrasco no dia 28 de setembro – dia internacional de mobilização pela descriminalização do aborto; a outra nota diz respeito à resolução do Conselho Federal de Medicina que retira a autonomia terapêutica, ou seja, o direito de recusar intervenções médica, particularmente de mulheres gestantes e pessoas com doenças transmissíveis.

Comitê de Ciência e Tecnologia em Saúde

O ponto principal da reunião do Comitê de Ciência e Tecnologia em Saúde da Abrasco foi um debate sobre as publicações científicas no sentido de uma política de ciência aberta: – “Resumidamente, decidimos fazer contato com o Scielo para conhecermos e discutirmos uma eventual utilização do seu repositório. Além disso, será necessário discutir o tema com o fórum de editores da Abrasco para uma harmonização de posições. O comitê é favorável à manutenção do ineditismo dos artigos submetidos às nossas revistas que tiverem sido depositados em repositórios selecionados.” resumiu Reinaldo Guimarães.

Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares

Um importante ponto de pauta do GT Racionalidades Médicas e Práticas Integrativas e Complementares (RM-PIC) é a formação profissional em PICS, com destaque à rápida proliferação de cursos oferecidos por instituições privadas de ensino: – “Consideramos fundamental a definição de critérios mínimos a serem observados nessa formação, de maneira a assegurar qualidade e segurança à prática profissional. Um desses critérios é a oferta de estágio prático supervisionado por profissional qualificado e experiente.” explica Marilene Cabral do Nascimento, da coordenação do GT.

Com este propósito os membros do GT RM-PIC discutiram uma moção para debate e deliberação na plenária final do II Congresso Nacional de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (CongrePICS), a ser realizado de 14 a 17 de novembro deste ano, em Lagarto, no Sergipe. O texto proposto para a moção está sendo submetido à apreciação de associações profissionais de diferentes PICS e demais instituições parceiras, como a RedePICS; o Observatório Nacional de Saberes e Práticas Tradicionais, Integrativas e Complementares em Saúde; o Consórcio Acadêmico Brasileiro de Saúde Integrativa, a Abrasco, entre outras, para aperfeiçoamento e adesão à moção. Aprovada na plenária do CongrePICS, a moção deverá ser amplamente divulgada para autoridades da área de saúde e educação e profissionais de PICS: – “Um segundo ponto de pauta da reunião foi a aproximação e colaboração das PICS com a Educação Popular e a Promoção da Saúde, consideradas áreas afins no campo da Saúde Coletiva. O GT 23 do 8º CBCSHS reuniu representantes dessas três áreas. Fizemos uma breve avaliação dessa experiência colaborativa e refletimos sobre a possibilidade de novos projetos, com a definição clara de identidades e áreas de interface, a partir de objetivos comuns.” resume Marilene.

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