Entre os 6.216 cientistas mais influentes do mundo, 15 são brasileiros: dentre eles, os abrasquianos Cesar Victora, Carlos Monteiro e Renata Levy. Os pesquisadores estão na lista Highly Cited Researchers, da Clarivate Analytica, empresa de consultoria britânica que calcula quantas vezes o nome foi citado em artigos – por seus pares – nos últimos dez anos. O grupo representa os 1% de cientistas e cientistas sociais que têm “desempenho excepcional” em um ou vários dos 21 campos de atuação especificados no banco de dados do Essential Science Indicators (ESI), segundo a descrição do Web of Science Group, setor da Clarivate responsável pela organização dos dados sobre produção e impacto das pesquisas no mundo.
Cesar Victora, Professor Emérito de Epidemiologia na Universidade Federal de Pelotas, é graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, doutor em Epidemiologia pela Escola de Higiene e Medicina Tropical da London School e cursou o pós-doutorado na UNICEF Evaluation and Research Unit. Ele foi classificado, na listagem, como um pesquisador que influencia campos interdisciplinares (cross-field): suas pesquisas incluem as áreas de saúde e nutrição materno-infantil, amamentação, coortes de nascimento, desigualdades sociais e avaliação de serviços de saúde, tendo resultado em mais de 500 publicações científicas com mais de 35.338 citações no Web of Science (índice h = 90).
As principais contribuições científicas de Victora incluem a documentação da importância do aleitamento materno exclusivo para prevenir a mortalidade infantil e a construção de curvas de crescimento infantil, atualmente adotadas em mais de 140 países. O epidemiologista lançou, recentemente, a obra “Epidemiologia da Desigualdade: quatro décadas de coortes de nascimento”, os principais resultados de um grande conjunto de pesquisas que contribuiu diretamente para a elaboração de políticas públicas de saúde materno-infantil no Brasil e no mundo. O livro, editado pela Abrasco, pode ser adquirido no site da Abrasco Livros.
Carlos Monteiro, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP/USP) é graduado em Medicina, mestre em Medicina Preventiva, doutor em Saúde Pública, pela USP, e cursou o pós-doutorado do Instituto de Nutrição Humana da Columbia University. Monteiro foi classificado, pela Web of Science, como pesquisador do campo Ciências Sociais (Social Sciences), e foi citado 11.875 vezes, em pesquisas que referenciam-se às suas 221 publicações na última década (índice h = 53). O professor é referência internacional na discussão que relaciona a obesidade ao consumo dos ultraprocessados, alimentos produzidos pela indústria alimentícia a partir de matérias-primas baratas que pouco ou nada têm dos alimentos originais.
O pesquisador lidera o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (NUPENS/USP), que desenvolveu a classificação NOVA: organiza-se os alimentos não segundo suas calorias ou substâncias, mas sim conforme o grau de processamento – e distanciamento do alimento em sua forma “crua” – a que são submetido. A classificação NOVA possui quatro categorias (Alimentos in natura; Ingredientes culinários processados; Alimentos processados e Alimentos ultraprocessados) e já é utilizada em documentos importantes, como o Guia Alimentar para a População Brasileira e o Guia Alimentar para Crianças Brasileiras menores de dois anos.
O envolvimento com a elaboração da NOVA, e a produção de estudos sobre consumo de alimentos, hábitos alimentares, alimentação escolar e complementar, significou também para outra integrante do NUPENS o destaque na Highly Cited Researchers: Renata Levy, da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, foi integrada à lista pela primeira vez. Renata é formada em Nutrição, mestre e doutora em Saúde Pública, pela USP, e pesquisadora científica VI no Departamento de Medicina Preventiva da mesma universidade. Suas 118 publicações foram mencionadas 2937 vezes ( índice h = 27), na área de Ciências Sociais.
Também estão na lista os brasileiros Andre Russowsky Brunoni, Houtan Noushmehr e Paulo Eduardo Artaxo Netto, da Universidade de São Paulo – USP; Henriette M. C. de Azeredo e Renata Valeriano Tonon, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa; Adriano Gomes Cruz do Instituto Federal do Rio de Janeiro – IFRJ; Alvaro Avezum do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia; Flavio Kapczinski da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; José A. Marengo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – Inpe; Mauro Galetti da Universidade Estadual Júlio de Mesquita Filho – Unesp; Miriam D. Hubinger da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp e Roldan Muradian, da Universidade Federal Fluminense – UFF.
Os Estados Unidos são o país com maior número de pesquisadores mencionados, 2.737 ao todo; em seguida, aparece a China, com 636; e, em terceiro lugar, o Reino Unido, com 516, segundo o Jornal da USP.