Em diversos aspectos da pandemia do novo coronavírus, tema que vem mobilizado a comunidade científica nacional e internacional há abrasquianos e abrasquianas produzindo conhecimento de ponta e importantes reflexões. Recentemente lançada, a edição nº 99, volume 34 da revista Estudos Avançados, do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) traz uma série de artigos dedicados à compreensão do fenômeno, seus desdobramentos e impactos nas coletividades.
Em “Os coletivos da Covid-19“, José da Rocha Carvalheiro, professor associado ao IEA-SP e presidente da Abrasco entre 2009 – 2012, parte das noções emergentes de coletividades que emergiram no discurso social da pandemia, como aglomeração, rede, teste, UTI, rebanho, comboio, entre outras, para elucidar controvérsias.
A Pandemia nas Relações Internacionais e no Pensamento complexo:
Paulo Buss assina em conjunto com Santiago Alcázar e Luiz Augusto Galvão o artigo “Pandemia pela Covid-19 e multilateralismo: reflexões a meio do caminho”. Em debate, as principais posições e respostas de instituições-chave do sistema multilateral das Nações Unidas, como a Assembleia Geral (AGNU) e a Secretaria Geral, e sua agência especializada em saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS), quanto à pandemia pela Covid-19, no período compreendido entre janeiro e maio de 2020.
Eles destacam a carta enviada em 20 de abril e assinada por diversas lideranças e associações de saúde pública internacionais, incluindo a Abrasco, ao secretário-geral da ONU sugerindo que se instalasse, na OMS, um grupo de trabalho sobre equidade em saúde. A iniciativa gerou a organização do Movimento pela Equidade em Saúde Sustentável (Sustainable Health Equity Movement), lançado em 2 de julho.
Numa proposta de modelagem heurística orientada por planos de ocorrência e interfaces hierárquicas, Naomar de Almeida Filho, professor associado do IEA-USP e vice-presidente da Abrasco apresenta o artigo “Modelagem da pandemia Covid-19 como objeto complexo (notas samajianas)”.
A partir do pensamento de Juan Samaja, intelectual argentino representativo da epistemologia da complexidade e da teoria da holopatogênese, o abrasquiano debate uma perspectiva integradora capaz de contribuir para o enfrentamento da pandemia. Parte desse conhecimento foi produzido coletivamente nas sessões das Interfaces do conhecimento realizadas na Ágora Abrasco, transmitidas às sextas-feiras de junho na TV Abrasco, consolidaram as bases para o Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19, elaborado pela Frente Pela Vida.
Ciências Sociais em Saúde e Populações vulnerabilizadas:
Docente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Sandra Caponi é autora de “Covid-19 no Brasil: entre o negacionismo e a razão neoliberal“, no qual centra em questões epistemológicas vinculadas ao negacionismo científico; questões ético-políticas vinculadas aos direitos humanos; e estratégias biopolíticas vinculadas à razão neoliberal. O tema foi abordado pela abrasquiana na Ágora Abrasco no Painel “Covid-19: desigualdades, vulnerabilidades, silenciamentos e ignorâncias”, realizado em 30 de abril.
Outro artigo que teve ligação direta com a Ágora Abrasco é “População negra e Covid-19: reflexões sobre racismo e saúde”, assinado por parte do Grupo Temático Racismo e Saúde. As abrasquianas Marcia dos Santos, Joilda Nery e Emanuelle Goes compuseram o painel ” População Negra e Covid-19″, transmitido em 15 de abril, e juntamente com Alexandre da Silva, Andreia Beatriz dos Santos, Luis Eduardo Batista e Edna Maria Araújo analisam as assimetrias que essa emergência sanitária global produz, particularmente em contextos de desigualdade social, como é o caso do Brasil.