Lançado há duas semanas, o estudo “A saúde nos programas dos candidatos à Presidência em 2018” vem pautando diversas matérias da imprensa sobre o espaço da saúde na corrida presidencial. Escrito por Mário Scheffer (DMP/FM/USP), Lígia Bahia (IESC/UFRJ) e Ialê Falleiros Braga (EPSJV/Fiocruz), integrantes da Comissão de Política, Planejamento e Gestão em Saúde (CPPGS/Abrasco), o documento analisa programas e plataformas eleitorais do candidatos ao cargo máximo da República registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e disponíveis na seção Propostas de governo dos candidatos ao cargo de Presidente da República , no site Eleições 2018.
“Este estudo representa a continuidade de esforços de investigação sobre saúde e políticas de saúde”, explica Lígia Bahia, rememorando a série de trabalhos anteriores produzidos por pesquisadores da USP e UFRJ desde 2012 nos quais foram analisados o financiamento de campanhas e os programas de candidatos à presidência e de governadores. Para as eleições deste ano, o escopo foi ampliado com a participação da Fiocruz e uma perspectiva comparativa de médio, longo prazo, promovendo também diálogos com estudos internacionais. “Empreendimentos reflexivos sobre eleições, especialmente programas eleitorais, tornaram-se relevantes para as ciências sociais. Atualmente existe uma plataforma europeia que reúne programas e análises de eleições em países da OCDE, denominada Manifesto Project. A relevância do tema e o debate teórico sobre os programas eleitorais contribuíram para aprimorar a compreensão sobre as proposições dos candidatos sobre saúde”, completa a autora à Comunicação da Abrasco.
Somente nas redes sociais da Abrasco, a postagem de divulgação do estudo alcançou mais de 30 mil pessoas, com mais de 500 compartilhamentos. A qualidade e a repercussão do estudo chamaram a atenção de diversos jornalistas. Na matéria especial “Saúde sem remédio – Superficiais, programas de governo de presidenciáveis não trazem soluções para a saúde, dizem pesquisadores”, o repórter Wanderley Preite Sobrinho, do portal de notícias UOL, detalha, a partir do estudo, quais propostas as candidaturas apresentam para agendas como recursos financeiros para o setor; planos de saúde; hospitais filantrópicos; medicamentos; regionalização; organização do sistema; ações de prevenção, e força de trabalho médica. Em entrevista ao repórter, Scheffer lamenta a omissão de assuntos que mobilizam a opinião pública, como a legalização do aborto e a necessidade de combate ao alcoolismo. Os candidatos, na opinião do abrasquiano, também decepcionaram ao não apresentarem propostas para melhorar a qualidade dos serviços de saúde. “Um dos grandes problemas é a fila, a dificuldade de acesso e atendimento. […] os programas não falam em como resolver isso”, disse ele. Clique e acesse a matéria.
Já a matéria “Saúde tem propostas genéricas dos principais candidatos à Presidência”, publicada no jornal Folha de S. Paulo, destaca que do total das 13 candidaturas, sete são a favor de aumentar recursos para a saúde, mas só três trazem metas específicas para esse aumento e, ainda assim, não detalham quais as fontes de custeio serão empregadas em um cenário de crise econômica e ajuste fiscal. Para Lígia Bahia, ouvida na reportagem de Cláudia Collucci e Natália Cancian, as propostas não são concretas, o que torna muito difícil controlar o cumprimento. “Nenhum propõe o que fazer com o gargalo das cirurgias eletivas e a penúria dos hospitais públicos, especialmente os federais. Em compensação, a solução mágica do prontuário eletrônico aparece em quase todos”, afirma a docente. Acesse aqui a matéria.
Para exemplificar e dar vida ao debate, na matéria “Mais médicos, mais atenção e menos fila, cobram pacientes para a saúde“, a repórter Natália Cancian foi a hospitais públicos do Distrito Federal para aferir in loco o que pensam e sentem moradores e moradoras da capital federal que dependem exclusivamente do SUS, cruzando os depoimentos com dados do estudo dos abrasquianos e de uma recente pesquisa do Datafolha e Conselho Federal de Medicina (CFM). que aponta a saúde como uma das principais preocupações dos brasileiros. As eleições e a saúde também são tema da coluna de Cláudia Collucci desta semana, intitulada “Planos dos presidenciáveis ignoram fila de espera de 1 milhão por cirurgias“.
No jornal carioca O Globo, o repórter Jeferson Ribeiro apresentou os pontos do estudo por candidaturas, destacando que os programas de governo do PT, da Rede, do PDT, e do PSDB apontam para a melhoria do atendimento e da qualidade do SUS mediante aumento do orçamento do governo federal para o setor. A exceção entre as candidaturas mais competitivas ao Palácio do Planalto é o programa do PSL, que não vê necessidade de mais recursos para a saúde. A matéria “Presidenciáveis pregam mais dinheiro para saúde, mas não dizem como vão aumentar o orçamento” ressalta ainda que, comparados aos programas divulgados em 2014, os documentos apresentados nesta campanha estão ainda menos detalhados. “Eles entram na questão do orçamento de forma retórica. Alguns chegam a falar em dobrar o orçamento. […] O que a gente percebeu é que há um esforço de dizer que é muito pouco, e que é preciso aumentar, mas fica parecendo conversa para boi dormir, porque não mostram de onde viriam os recursos”, disse Lígia Bahia. Clique aqui e acesse a matéria.