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Abstinência sexual como política pública é ineficaz, aponta Elaine Brandão

Em sua primeira manifestação pública de 2020, por meio de nota à imprensa divulgada na última sexta-feira, dia 10, o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos informou estar em discussão a ideia de implementar a abstinência sexual como política pública visando  a “prevenção” da gravidez na adolescência. Em entrevista ao Repórter SUS, Elaine Reis Brandão, integrante do Grupo Temático Gênero e Saúde, da Abrasco, foi categórica ao apontar a proposta como ineficaz.

“É um contrassenso pregar abstinência sexual e não enxergar a importância da dimensão da sexualidade na juventude. A gente construiu ao longo dos 30 anos do Sistema Único de Saúde (SUS) uma política pública sólida na área do planejamento reprodutivo. Isso não pode ser abandonado em prol da abstinência sexual”.

O país registra altos números de gestantes de jovens menores de 19 anos.  Enquanto a taxa mundial de gravidez na adolescência é estimada em 46 nascimentos para cada mil meninas entre 15 e 19 anos, e de 65,5 nascimentos para cada mil latino-americanas e caribenhas, no Brasil, a previsão sobe para 68,4 nascimentos a cada mil jovens.

Professora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IESC/UFRJ), Elaine ressaltou que a gravidez precoce é uma questão de saúde pública, e que o melhor caminho é o diálogo com os jovens.“O exercício da sexualidade, a descoberta de si e do próprio corpo e o aprendizado sobre a troca de afetos integram a adolescência são etapas importantes no processo de construção de um sujeito responsável. A gente precisa proporcionar espaços de diálogo para que os jovens possam expressar suas dúvidas e inseguranças e a gente possa discutir sem preconceitos, sem discriminações as questões inerentes à sexualidade e ao gênero”.

O Repórter SUS é uma coluna semanal em texto e áudio fruto da parceria da Comunicação da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) com o jornal Brasil de Fato.  Ouça abaixo o áudio original e confira aqui a matéria na íntegra.

 

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