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Acesso a medicamentos e proteção ao cidadão foram temas da Conferência Luso-Francófona da Saúde

“O impacto da iniquidade na saúde global é assustadora. Os países menos desenvolvidos concentram 84% da população mundial e são responsáveis por menos de 11% dos gastos mundiais em saúde”, alertou o ex-diretor da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) e atual chefe da Unidade de Medicamentos Essenciais, Vacinas e Tecnologias da organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Jorge Bermudez. Ele foi um dos expositores do Fórum Colufras – Conferência Luso-Francófona da Saúde, explorando a questão do acesso aos medicamentos nas Américas e no Brasil. “Para cada $1 que os países ricos gastam em ajuda contra HIV/AIDS, eles destinam outros $10 aos orçamentos militares”, completa.

O acesso aos medicamentos e o HIV/AIDS

Jorge Bermudez concluiu sua apresentação com a assustadora afirmação de que o atual gasto em HIV/AIDS, uma doença que mata três milhões de pessoas ao ano, equivale a três dias do gasto militar total que se tem no mundo. Antes, porém, elogiou o “brilhante” trabalho que o governo brasileiro desenvolve com o programa de distribuição de medicamentos gratuitos para HIV/AIDS, uma referência mundial em saúde. “O programa brasileiro é sustentável frente à oferta de novos medicamentos, mantendo preços acessíveis e distribuição por toda a população”, diz Jorge.

Na América Latina, 27% vivem sem acesso aos serviços de saúde

Entre os números apresentados por Bermudez, sobressai o que demonstra o fato de que, dos mais de 560 milhões de habitantes da América Latina e Caribe, 27% vivem sem acesso aos serviços básicos de saúde. Para tentar resolver esta questão, a Organização Mundial de Saúde (OMS) vem trabalhando em quatro frentes: o acesso a medicamentos essenciais deve ser tratado como um direito humano; medicamentos essenciais não são uma mercadoria; um medicamento que pode salvar uma vida deve ser tratado como um “bem público”; e é necessário identificar mecanismos e incentivos apropriados para assegurar a política e o desenvolvimento de novos medicamentos, principalmente os voltados para doenças negligenciadas.

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