Especialistas reuniram-se em mais uma edição da Ágora Abrasco, realizada em 26 de maio, para lançar um olhar mais humanizado sobre a pandemia a partir e para além dos dados. A conversa reuniu epidemiologistas e pesquisadores da área das políticas em saúde que expuseram formas de ampliar o acesso à informações sobre a crise sanitária e mostraram que, além das curvas, índices e previsões, existem pessoas, políticas públicas e vidas em questão.
As especialistas alertaram para a necessidade de um olhar atento e investigativo sobre os dados. Para Maria Amelia Veras (Comissão de Epidemiologia/Abrasco e FCMSC/SP), uma mudança nas políticas de definição de um casos de Covid pode influenciar e alterar as curvas de contágio, por exemplo. Como pontuado pela pesquisadora Margareth Portela (Fiocruz), a falta de coordenação nacional no enfrentamento da doença torna essa análise ainda mais difícil. Essas duas questões somadas ao delicado momento político que o país se encontra, com ataques à ciência e às instituições de ensino, tornam ainda mais delicada as questões de reabertura de escolas, creches e de comércios.
Para Estela Aquino (GT Gênero e Saúde/Abrasco e UFBA), a reabertura de escolas sem monitoramento dos casos, mesmo com turmas reduzidas, pode aumentar o total de infectados entre a população escolar em até 270%. Como lembrado pelas participantes, a Covid-19 é apenas mais uma ameaça num cenário de crise econômica, insegurança alimentar, retorno do aumento nos níveis de pobreza, do trabalho infantil e da desigualdade, ou seja, um conjunto de situações que torna o contágio pela doença ainda mais ameaçador.
A conversa foi transmitida ao vivo pela TV Abrasco e contou também com a participação de Gulnar Azevedo e Silva (Presidente da Abrasco, UERJ), Claudia Travassos (Fiocruz) e Ligia Kerr (Comissão de Epidemiologia/Abrasco e UFC). A coordenação foi de Naomar de Almeida Filho (Vice presidente da Abrasco, UFBA e IEA/USP.
Assista na TV Abrasco: