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Pressão do agronegócio pode fazer Anvisa liberar estoques de paraquate

Thereza Reis

Foto: Fernando Frazão

O agrotóxico paraquate teve seu uso proibido no Brasil no final de setembro, com prazo estipulado em 30 dias para o recolhimento do estoque. Porém, devido à pressão do agronegócio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) permitiu no dia 7 de outubro o uso de estoques remanescentes pelos agricultores. Os estoques que estiverem em poder dos agricultores poderão ser utilizados até 31 de julho de 2021. Estudos mostram que o uso do produto aumenta a incidência da doença de Parkinson e câncer em agricultores.

Karen Freidrich, do Grupo Temático Saúde e Ambiente (GTSA/Abrasco) falou ao jornal Folha de S. Paulo sobre os riscos do paraquate. “Ele é proibido em outros países e tem efeitos tóxicos graves, tanto agudos quanto crônicos. São efeitos de contato do trabalhador, e de pessoas que moram em áreas próximas da área de pulverização”, explicou.

Mesmo que as fontes do agronegócio argumentem não haver veneno substituto pelo fato de a proibição acontecer no meio da safra, para Friedrich não havia motivo para novo adiamento, já que a proibição era esperada desde 2017.

“Não faz nenhum sentido o setor estocar esse produto já sabendo que nesse mês de setembro teria a proibição, a não ser que tivesse uma expectativa de reverter a avaliação de alguma outra forma, que não pela toxicidade”, pontuou. “Manter e usar esse estoque é apoiar um artifício que o setor econômico viu de estocar um produto que saberia que seria proibido, e manter pessoas expostas”, concluiu.

A medida que flexibilizou a proibição foi pautada na reunião da Anvisa, no dia 7 de outubro e foi proposta por Antônio Barra Torres, diretor-presidente substituto da Anvisa.

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