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Alberto Acosta: América Latina como protagonista na criação de alternativas ao desenvolvimento

Letícia Maçulo

A necessidade de criação de alternativas ao desenvolvimento foi pauta da exposição de Alberto Acosta na Conferência Especial que compôs a programação do 11º Congresso Brasileiro de Epidemiologia nesta quarta-feira (24). O economista e político equatoriano, autor do livro “O Bem Viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos”, abordou a importância de olharmos para o desenvolvimento com outros olhos. 

“Buscamos cenários de desenvolvimento alternativos, mas não buscamos alternativas ao desenvolvimento”, provoca o economista. Acosta aponta que não há espaço para redefinir ou reconduzir o desenvolvimento. “Ele representa de maneira intrínseca uma forma de entender a existência humana baseada no produtivismo, no domínio sobre a natureza e na defesa da modernidade ocidental que, como soma de tudo, provoca o fortalecimento dessa enfermidade social que é o individualismo”

Para Acosta, a América Latina tem um papel fundamental na criação do que ele entende como pós-desenvolvimento. “Em termos econômicos, teríamos que estabelecer elementos para uma nova economia, que supere o fetiche e a religião do crescimento econômico permanente, com um passo em direção à desmercantilização da natureza e dos bens comuns.” Nesse cenário, a cosmovisão dos povos originários, seus saberes ancestrais de integração e vida simbiótica com a natureza ganham protagonismo por permitirem o vislumbre de alternativas mais saudáveis ao desenvolvimento.

Para esses cenários, entretanto, não há receitas nem modelos. Acosta sinaliza que devemos agir de forma que a gente consiga proporcionar vidas em coletivo, interconectadas e interdependentes, em espaços comuns, plurais e diversos, onde se busquem mecanismos que garantam igualdade e justiça, tendo horizontes construídos coletivamente. Essas devem ser as referências com as quais devemos caminhar para resistir ao crescente autoritarismo”.

O caminho para a construção de uma política global pós-desenvolvimento é percorrido sob os trilhos da justiças social e ecológica. “Precisamos tornar realidade os direitos humanos e da natureza. É o momento de trocar de rumo e tornar realidade um pluriverso, um mundo onde podem viver todos os outros mundos, garantindo a vida de seres humanos e não humanos.”, concluiu o economista. 

A presidência da sessão ficou por conta de Ana Bernarda Ludermir – Presidente do 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

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