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Alguém lembrará do SUS na Olimpíada de 2016? artigo de Claudia Colucci

Claudia Colucci / Folha de SP

Florianópolis tornou-se a primeira capital com 100% de cobertura de atenção primária com a Estratégia de Saúde da Família. Rio de Janeiro e Curitiba também estão no mesmo caminho. As experiências exitosas, apresentadas no 13º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e Comunidade, mostram que é possível colocar em prática um modelo de assistência à saúde que, na vasta maioria dos municípios brasileiros, só existe no papel.

Em Floripa, todo usuário do SUS precisa entrar na rede por meio do seu médico de família e comunidade para depois ter acesso aos outros níveis do sistema. O centro de saúde é a porta de entrada do atendimento, como deveria ser desde que o SUS foi criado. Só a partir dali é que o paciente tem uma consulta marcada com um especialista, por exemplo.

Uma das ferramentas que ajudaram no sucesso de Florianópolis é o prontuário eletrônico, integrado a todas as equipes, tanto na atenção básica como nas policlínicas e unidades de pronto atendimento. Isso faz com que todo o histórico do paciente não seja perdido.

O Rio de Janeiro também passa por uma grande reforma na atenção primária, depois vivenciar a falência do seu sistema municipal de saúde em 2008, com a maior epidemia de dengue da história. Os médicos de família também são os pilares desse novo sistema. Os profissionais têm uma lista de pacientes da qual são responsáveis, e o paciente sabe quem é a equipe responsável pelo seu cuidado. Sempre é a mesma equipe que cuida da mesma família.

Em Curitiba, o foco é a busca por uma atenção primária à saúde acessível e resolutiva para que as unidades de pronto-atendimento não fiquem sobrecarregadas. Todos esses municípios estão atentos a modelos internacionais, como o inglês e o canadense. O Canadá, por exemplo, tem residência médica em medicina de família e comunidade desde 1954.

“O médico de família e comunidade é verdadeiramente valorizado pelos pacientes e pelos fundadores do nosso sistema de saúde”, disse o médico canadense Jamie Meuser, que esteve no congresso de medicina de família, que terminou domingo (12) em Natal (RN).

Esse é o ponto. O Brasil precisa, verdadeiramente, valorizar o médico de família e comunidade para conseguir melhorias no seu modelo de assistência à saúde. Foi assim nos países que possuem sistemas universais de saúde. É assim que se consegue uma atenção básica mais resolutiva e um paciente sendo tratado da forma e no tempo que precisa e protegido de intervenções desnecessárias.

Em 2012, na abertura da Olimpíada de Londres, o logotipo do sistema de saúde inglês foi hasteado como um dos símbolos nacionais. E o nosso SUS? Será que alguém vai se lembrar dele com orgulho na Olimpíada de 2016?

(Artigo publicado originalmente no jornal Folha de São Paulo, em 14 de julho de 2015)

 

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