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As diversas violências e suas formas de prevenção vão movimentar o Congresso de Epidemiologia

No período de 34 anos, entre os anos de 1980 a 2014, o número de mortes por arma de fogo cresceu 592,8%, setuplicando ao fim do período o indicador inicial. Enquanto em 1980, o número foi de 8.710 casos (incluindo acidentes, suicídio, homicídios e causas indeterminadas), em 2014 alcançou-se 44.861 mortes. Os dados são do Mapa da Violência 2016. Este é um de tantos indicadores que aponta o crescimento desenfreado da violência e que traz o desafio de olhar tais fenômenos sob o prisma da Epidemiologia e da Saúde Coletiva. O X Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que acontece de 07 a 11 de outubro, em Florianópolis (SC), será um espaço privilegiado para esta temática e reflexão.

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Os estudiosos do tema reforçam que a entrada do campo da saúde no debate sobre violência e segurança, a partir do final da década de 1980, representou um marco epistemológico relevante. “Este tema foi tradicionalmente tratado como restrito ao campo da segurança e da justiça, cujas respostas, portanto, limitavam-se a estes mesmos campos, com ênfase no policiamento, no papel do judiciário e do sistema prisional. Reconhecer e afirmar que a violência é um problema de saúde promove uma mudança na forma de compreender e enfrentar a realidade”, explica Claudia Moraes, professora do Instituto de Medicina Social (IMS/Uerj) e integrante da Comissão Científica do evento.

A professora destaca também a importância desse debate para a organização dos serviços de saúde, gerando indicadores sobre os números de adoecimentos, lesões, atendimentos, programas de reabilitação e demais gastos. “Mas não nos limitamos a isso. Afirmar que a violência é um problema de saúde não significa apenas que ela traz consequências para o setor, mas sim que é um objeto em si que nos concerne”, reforça Claudia.

Seja em manifestações de maior ou menor indeterminação, a investigação do fenômeno da violência possibilita que a sociedade conheça a magnitude dos problemas e investigue os fatores de risco e proteção envolvidos, além de estabelecer instrumentos para sua detecção e avaliar os efeitos das intervenções. “Ao montarmos o programa do nosso Congresso em torna desta temática, buscamos abarcar as diferentes formas de manifestação da violência. Olhar para o fenômeno como “exposição”, ou seja, para os efeitos da exposição à violência para a saúde e o desenvolvimento, e também como “desfecho”, buscando os fatores determinantes/de risco/associados ao desenvolvimento do comportamento violento em si e que podem e devem ser prevenidos e evitados. Além disto, procurou-se dar oportunidade aos diferentes grupos de pesquisa que se debruçam sobre o tema”, completa Maria Fernanda Peres, professora do departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (DMP/FM/USP), coordenadora de pesquisa do Núcleo de Estudos da Violência da USP e também integrante da Comissão Científica.

A conjuntura política, econômica e social do país oferece ainda mais elementos para o debate, evidenciando, mais do que sua atualidade, sua necessidade. “O cenário que se apresenta aponta para um crescimento ainda maior da desigualdade e das iniquidades, que contribuirão para a expansão da violência em todas suas manifestações. Trazer o tema ao debate é reforçar a importância da divulgação dos resultados de pesquisas que vêm sendo desenvolvidas nos últimos anos como ponto inicial para o aprofundamento da discussão sobre estratégias de prevenção e de atuação multisetorial, visando ao enfrentamento da situação”, ressalta Maria Fernanda. “Esperamos que o X Congresso de Epidemiologia estimule tanto os pesquisadores mais experientes como os jovens pesquisadores a se dedicarem à compreensão do tema, visando subsidiar ações que visem à redução das diferentes formas de violência no Brasil e no mundo”, completa Claudia.

Clique no link e veja a programação completa do X Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Confira abaixo a lista completa das atividades voltadas para o debate sobre as expressões da violência

Terça-feira, 10 de outubro
14:50 – 16:40 – Mesa-redonda: Os acidentes de trânsito no Brasil: epidemiologia e ações baseadas em evidência – Com Otaliba Libanio de Morais Neto (UFG/GO); Eduardo Luiz Andrade Mota (ISC/UFBA) e Cheila Marina de Lima (DF)

14:50 – 15:40 – Palestra: Violência contra a mulher: panorama global e ações de enfrentamento – com Nadine Gasman (DF)

Quarta-feira, 11 de outubro
11:10 – 13:00 – Mesa-redonda – Violências nas distintas fases da vida: magnitude e impactos na infância, juventude e velhice – com Maria Helena Hasselmann (RJ); Kathie Njaine (ENSP/Fiocruz); e Stela Nazareth Meneghel (RS)

14:20 – 15:10 – Palestra – Violência e saúde global no mundo contemporâneo – Com Ignacio Cano (UERJ)

15:20 – 16:10 Palestra – Determinantes de comportamento violento: uma abordagem centrada nos ciclos de vida – com Joseph Murray (UFPel)

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