Mais de três mil delegados de 194 países encontram-se em Genebra, Suíça, para a 68ª Assembleia Mundial da Saúde, instância máxima de deliberação da Organização Mundial de Saúde (OMS). Nesta edição, a presidência está a cargo da Índia, representada pelo Doutor Shri Jagat Prakash Nadda, acompanhado por vice-presidentes do Afeganistão, Barbados, China, San Marino e Senegal. O evento acontece até a próxima terça-feira, 26.
Em seu discurso de abertura, Margaret Chan, diretora-geral do organismo, destacou o papel da OMS em conjunto com outras 150 organizações não governamentais no suporte às vítimas do terremoto do Nepal. No entanto, apontou que o maior desafio hoje da saúde global (ainda) permanece no continente africano.
“Estamos atualmente com cerca de mil profissionais em campo na África Ocidental. Em 2013, o vírus Ebola expandiu-se geograficamente, devastando populações e economias na Libéria, Guiné e Serra Leoa. O mundo estava mal preparado para responder uma epidemia tão devastadora, complexa e resiliente”, disse ela, anunciando a mudança da perspectiva de ação da Organização. “A epidemia do Ebola disparou um processo de mudança em alto grau da OMS, dando máxima prioridade para as ações do organismo nas operações de emergência”, complementou Chan, anunciando sua supervisão direta, nos três níveis de ação do organismo, para a mudança da perspectiva de ação, em programas detalhados, rápidos, flexíveis e de alto impacto para responder emergências em saúde em questão de horas, e não de meses. Para isso, foi efetivado um aumento no orçamento para a área, definição de uma força-tarefa coordenadora do programa e a criação de mais um fundo, junto com os países associados, orçado em US$ 100 milhões, voltado como reserva para os casos mais graves.
Cobertura universal: Margaret Chan abordou ainda que, no início do século, as lideranças mundiais que se reuniram na Cúpula dos Desafios do Milênio pensaram que chegaríamos a 2015 em um mundo mais pacífico, próspero e justo. “Isso não aconteceu como planejado”, disse ela, de maneira assertiva, relembrando a escalada da ações terroristas em territórios em conflito; os grandes desastres; as crises de abastecimento e de comida; o aumento da pobreza, tanto em número de países quanto nas populações dos países ricos, entre outros.
Nesse cenário, a diretora-geral da OMS, que a agenda pós-2015, que será traçada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, no mês de setembro, já conta em sua proposta rascunho o combate às doenças crônicas não transmissíveis e que deverá conter também a busca pela cobertura universal em saúde. “A inclusão das DCNT como meta global dá relevância ao tema tanto em países ricos como pobres. A inclusão da cobertura universal expressa o espírito da nova agenda, enfatizando que a igualdade e a inclusão social não quer deixar ninguém para trás. A cobertura universal serve como uma meta da saúde que quer unificar o conceito, uma plataforma para a entrega de serviços de saúde e um dos mais poderosos instrumentos de equalização social entre todas as opções políticas postas”, dissertou. Confira aqui o discurso na íntegra.
Participação brasileira: Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde, o ministro Arthur Chioro encontra-se em Genebra desde o domingo para o acompanhamento integral das agendas políticas da 68ª AMS. Durante o evento, o ministro participará de encontros bilaterais e reuniões paralelas para o estabelecimento de diálogo e cooperação com países como Argentina, Suriname, Estados Unidos, Bélgica, além dos países integrantes dos BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul), entre outros.
Na ocasião também será realizado evento paralelo com a Unitaid, organização transnacional criada pelos governos do Brasil, Chile, França, Noruega e Reino Unido, voltada para o acesso a medicamentos de HIV/AIDS, Malária e Tuberculose em países em desenvolvimento. Não foi divulgada a composição da comitiva que acompanha o ministro Chioro.