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Aumenta a quantidade de agrotóxicos consumido por cada brasileiro: 7,3 litros

Vilma Reis

No início de 2011, a Campanha Contra os Agrotóxicos causou estardalhaço ao afirmar que cada brasileiro consumia 5,2 litros de agrotóxicos por ano. À época, o cálculo foi simples: a indústria dos venenos, orgulhosa do sucesso de seu mortífero negócio, alardeou aos quatro ventos que havia vendido 1 bilhão de litros de agrotóxicos. Divididos pelos então 192 milhões de habitantes, nos davam os 5,2 litros por pessoa. Ainda que este volume todo não chegue diretamente à nossa mesa, vai nos encontrar algum dia pela terra, pela água ou pelo ar. O veneno não desaparece, como querem fazer crer aqueles que enriquecem com ele. (leia o texto no site do MST)

Pois bem, depois do baque, as associações patronais agrotóxicas deixaram de divulgar a quantidade de litros vendidos por ano. E dada a escassez de dados oficiais sobre a venda destes produtos no Brasil, ficamos quase sem alternativas para medir o nível geral de intoxicação no país.

Quase. Talvez para atrair mais acionistas-vampiros, a indústria continuou divulgando sua receita anual, que em 2104 representou 12,2 bilhões de dólares, que podemos multiplicar por 3 chegar à exorbitantes 36,6 bilhões de reais.

Quanto custa um litro de agrotóxico?

Agrotóxico é um nome genérico para diversas substância, utilizadas não só na agricultura, mas também no controle de vetores urbanos. Em comum, uma característica: matam a vida. Poderiam, portanto, ser chamados de biocidas.

O Ibama publicou em 2012 a quantidade de princípios ativos de agrotóxicos vendidos naquele ano. Os três entes reguladores – Ibama, Anvisa e MAPA deveriam receber estes dados das empresas e publicar, mas apenas o primeiro o faz, e já com atraso de 2 anos. Por esta lista, vemos que os principais produtos são: glifosato, 2,4-D, atrazina, acefato, diurom, carbendazim, mancozebe, metomil e clorpirifós. Retirando-se o aditivos, eles representam 80% do total de agrotóxicos vendidos.

Uma busca pelos preços de agrotóxicos na Internet revela um cenário assustador. Encontra-se, por exemplo a atrazina (disruptor endócrino) a 34 centavos o litro, enquanto o mais caro, glifosato (cancerígeno), na promoção sai por R$35. Com uma média dos preços ponderada pela participação no mercado chegamos ao valor de R$24,68 por litro de agrotóxico.

A partir da população estimada pelo IBGE em 2013 de 201 milhões pessoas, temos R$36,6 bilhões / R$24,68 por litro de agrotóxico / 201 milhões de pessoas resultando então em 7,36 litros de agrotóxico por pessoa.

E o povo com isso?

Os preços dos produtos variam, o dólar ora sobe, ora desce. Poderíamos ter alguns mililitros a mais ou a menos, mas o certo é que, de 2007 até hoje, 34.282 casos de intoxicação por agrotóxico foram notificados no SUS.

Mesmo assim, qualquer um que viva no campo sabe o quão improvável é que uma pessoa reconheça os sintomas de intoxicação, consiga chegar ao atendimento e que o serviço notifique corretamente. Seja por desconhecimento ou por pressão de quem mandou aplicar os venenos.

Certo também é que além de caros e perigosos, os venenos, assim como os transgênicos, são desnecessários. De Sul a Norte do país, a produção agroecológica ganha força na terra, nas feiras e na mesa da população. A não ser que algum fazendeiro ganancioso inviabilize a produção limpa jogando veneno na lavoura alheia. Infelizmente, acontece, e muito.

O povo precisa de informação.

Anvisa, publique os dados sobre vendas de agrotóxicos. Ministério da Agricultura, faça o mesmo. Ibama, atualize seus dados. CREAs, responsáveis pela emissão de receitas agronômicas, implantem sistemas informatizados em todos os estados, e divulguem quanto, como e onde se aplica veneno neste país. Que tipo de Engenharia vocês fazem, que não se compromete socialmente e não fornece informação vital para a saúde do povo?

Mas mais do que contar os mortos, queremos plantar a vida. Governo Federal, implemente o PLANAPO, e sobretudo o Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos, que permitirá a criação de zonas livres de agrotóxicos e transgênicos, além de banir também no Brasil agrotóxicos que já foram banidos lá fora.

Entidades de pesquisa renomadas como a Fiocruz, o INCA e a Abrasco já se juntaram a camponeses e camponesas, que são quem realmente nos alimentam. Mas precisamos ainda de mais apoio da sociedade. Nossa luta diária contra o agronegócio, os agrotóxicos, e os transgênicos só estará completa quando o alimento orgânico não for mais um privilégio, e a agroecologia estiver ao alcance de toda a população.

 

 

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