No Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado no dia 25 de julho, a Abrasco destaca a potência do Bem-Viver e da Reparação Histórica como fundamentos para a construção de uma saúde verdadeiramente equânime no Brasil.
Segundo dados da PNAD Contínua 2022 e da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, mulheres negras, somando pretas e pardas, compõem o maior grupo populacional do Brasil. No entanto, seguem entre as mais afetadas pelas desigualdades sociais e pelas violências institucionais, acumulando os piores indicadores em áreas como acesso à saúde, renda, educação e segurança.
A cartilha Reparação histórica das mulheres negras: ações afirmativas e Bem Viver (Coletivo de Feminista de Mulheres Negras do Tocantins, Ajunta Preta) defende que enfrentar essa realidade exige ações concretas do Estado e da sociedade para desmontar os efeitos do racismo estrutural, do sexismo e da exploração econômica que marcam a história brasileira. A reparação, nesse contexto, não se limita à compensação, mas é entendida como compromisso ético com a construção de novas formas de existência, sustentadas pelo cuidado, pela justiça ambiental, pelo antirracismo e pelo direito à memória.
Para Edna Araújo, integrante do GT racismo e Saúde da Abrasco, o Bem-viver é uma filosofia de vida que compartilha princípios básicos com a luta das mulheres negras no mundo e no Brasil: o respeito aos direitos humanos, à diversidade cultural e étnica, a não violência, a harmonia com o meio ambiente, a liberdade das pessoas e dos lugares aonde elas vivem, a reciprocidade, solidariedade, equilíbrio com a natureza em prol da saúde e paz.
“Eu acredito que o que conceito de Bem Viver traz de diferente para o debate sobre a saúde no Brasil, especialmente a partir das vozes e corpos das mulheres negras é a perspectiva de luta contra hegemônica para que todas as pessoas tenham o direito não somente à saúde, mas tenham direito à vida no sentido holístico.”
