Eliminar a fome e acabar com a má nutrição, causa primeira das doenças no mundo, foram dois dos diversos objetivos firmados na Segunda Conferência Internacional de Nutrição (ICN2, em inglês), realizada entre os dias 19 e 22 de novembro, em Roma, Itália.
Promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a Conferência, cujo o tema foi “Nutrição Melhor, Vida Melhor”, aconteceu 22 anos depois de sua primeira edição, realizada em 1992. Nesta edição, 170 países, dentre eles o Brasil, firmaram a Declaração de Roma sobre Nutrição (versão em espanhol), no qual reconhecem a pobreza, o subdesenvolvimento e o baixo nível econômico como fatores preponderantes para os problemas relacionados à desnutrição, à carência de micronutrientes, ao sobrepeso, à obesidade e demais problemas relacionados à má nutrição.
Foi também assinado pelos países o Marco de Ação (versão em espanhol), que traz metas tanto metas diplomáticas como pontos concretos. Dentre as recomendações, constam o compromisso político das nações signatárias e a participação de suas sociedades civis para a melhoria das condições de alimentação e nutrição; a promoção da diversificação dos cultivos, valorizando produtos e práticas tradicionais; a redução gradual do consumo de gorduras saturadas, trans, além do açúcar, sal ou sódio em alimentos e bebidas industrializados; a valorização e a promoção do aleitamento materno, e o fortalecimento da cobertura universal de saúde, em particular o trabalho de atenção primária, para que os os sistemas nacionais de saúde possam fazer frente à má nutrição em todas suas formas.
“Temos diante de nós a década da nutrição”, disse José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO, fazendo referência à próxima Exposição Mundial das Nações – a Expo Milão 2015 -cujo o tema será “Alimentar o planeta, energia para a vida”, e à agenda de desenvolvimento da ONU pós-2015, que substituirá os Objetivos do Milênio. “Esta Conferência sinaliza o começo de nosso renovado esforço e será reconhecida por ter trazido a nutrição para a esfera pública, convertendo-a em questão pública, e não privada”, enfatizou o diretor-geral da FAO.
Sistemas alimentares: O papel dos sistemas alimentares – a forma como os alimentos são produzidos, processados, distribuídos, comercializados e preparados para o consumo humano – também foi apontado como crucial na luta contra a alimentação inadequada. O assunto foi um dos pontos do discurso de abertura de Margaret Chan, diretora-geral da OMS. “O sistema alimentar hegemônico mundial, baseado na comercialização de produtos industrializados para os mercados globais – produz uma grande gama de suprimentos, mas cria muitos problemas de saúde pública”.
Participação brasileira: Arthur Chioro, Ministro da Saúde, comandou a delegação brasileira, que contou com cerca de 40 profissionais do Ministério, pesquisadores, representantes de outras esferas do governo, parlamentares e membros da sociedade civil. No palanque da conferência, ele destacou a necessidade de envolver as mais diversas e necessárias políticas públicas no desafio de buscar uma melhor nutrição para todo o planeta. “Ao pensarmos em nossas políticas de alimentação e nutrição, precisamos levar em consideração as diferentes faces da insegurança alimentar e nutricional”, frisou Chioro. Os dados centrais trabalhados nos documentos podem ser conferidos no infográfico (versão em espanhol).