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Brasil e Índia: causas similares para o descontrole da pandemia

Thereza Reis

Aglomeração em feira de São Paulo: foto Jorge Araújo/Fotos Públicas

A situação descontrolada da pandemia do novo coronavírus na Índia nos traz imagens chocantes de cremações coletivas ao ar livre, hospitais em colapso e falta de oxigênio. O populoso país asiático é agora o epicentro da Covid-19 e já é o terceiro com o maior número de casos, atrás dos Estados Unidos e do Brasil. Duas matérias publicadas nesta semana fazem comparações das situações de Índia e Brasil, apontando causas parecidas para o caos.

Matéria no portal G1 mostra que variantes com maior poder de infecção; gestão governamental confusa; eventos que geram aglomerações; e ritmo lento de vacinação estão entre as causas dos cenários similares em ambos os países. Em março, enquanto estávamos na pior fase da pandemia, a Índia parecia estar em “fase final”, como afirmou o governo. Agora, o país quebra recordes diários.

O epidemiologista Paulo Lotufo, da Universidade de São Paulo, ouvido pelo G1, acredita que a falta de políticas eficientes de distanciamento social contribui para o aparecimento das variantes. “As variantes somente aparecem quando há descontrole social”, explica.

Editorial da revista Nature lembra que o presidente Jair Bolsonaro chamou a doença de ‘gripezinha’ e que não segue a ciência, evitando usar máscara e promovendo aglomerações. Tanto aqui quanto na Índia, mesmo com muitos casos, o comércio funciona e há registros de protestos e aglomerações com fins religiosos, por exemplo.

Ambos os países estão com programas de vacinação em ritmo lento. Segundo o G1, dados do final do mês de abril indicam que, no Brasil, 14% da população tomou a primeira dose. Na Índia, 8% da população foi imunizada com a primeira dose, sendo que o país conta com 1,3 bilhão de habitantes. O artigo na Nature ressalta que há dificuldades no acesso aos dados, tanto lá quanto aqui, e que as comunidades científicas têm relacionamento difícil com os governos nacionais. A falta e a ocultação de dados e o negacionismo prolongam a pandemia e causam aumento no número de mortos.

Leia na íntegra a matéria no G1 e o editorial na Nature (em inglês).

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