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Brasil se aproxima de 1 milhão de casos de dengue: saiba como se proteger e quais as saídas para a emergência sanitária

Daniel Lyra-Queiroz

Agentes encontram larvas do mosquito transmissor da dengue. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Brasil se aproxima de 1 milhão de casos prováveis de dengue em 2024. Somente em janeiro e fevereiro, foram 991.017 casos prováveis e 207 mortes confirmadas, de acordo com dados do Ministério da Saúde. O número de casos é quatro vezes maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Uma emergência de saúde que pede ações a curto, médio e longo prazo, bem como cuidados individuais. 

Dentro deste cenário de emergência, uma das preocupações é a superlotação dos serviços de saúde, afinal a dengue grave precisa ser diagnosticada precocemente para evitar o óbito. A pesquisadora e vice-presidente da Abrasco, Ligia Kerr, reconhece os esforços que o atual governo tem feito no combate à doença e destaca a importância de investir em novas tecnologias. 

“Duas tecnologias desenvolvidas pela Fiocruz têm se mostrado promissoras. Uma delas é a introdução de mosquitos com a bactéria Wolbachia sp. Essa bactéria impede que os vírus da dengue, zika, chikungunya e febre amarela se multipliquem dentro do mosquito, contribuindo, desta forma, para reduzir a transmissão destas doenças. Outro exemplo de tecnologia são as estações, ou armadilhas, disseminadoras de larvicidas. Trata-se de um equipamento simples, basicamente um pote plástico de dois litros com água, recoberto por um tecido sintético impregnado de larvicida. Essa armadilha atrai as fêmeas do Aedes aegypti, que coloca os ovos no tecido, e ao pousar elas ficam impregnadas com o larvicida”, explica. 

Medidas de proteção individual

Na atual emergência sanitária, ações individuais de prevenção também são importantes. Para além de não acumular água parada e assim evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, Ligia Kerr explica que os repelentes são aliados valiosos, mas é importante não usar o produto apenas ao sair de casa. 

“Um estudo mostrou que muitas pessoas entendem que só devem usar o repelente quando saem de casa, pois elas veem suas próprias casas como um local seguro. Entretanto, nossas casas, ou lugares abertos em que ficamos um período de tempo longo, são, ou podem ser, locais com presença importante de Aedes aegypti. É um mosquito que costuma ficar onde as pessoas estão”, considerou. 

É necessário ainda, antes de comprar um repelente, conferir a lista da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A indicação é utilizar um repelente com algum dos seguintes compostos químicos: IR3535; DEET; Icaridina. Por mais que alguns produtos naturais tenham efeito repelente para mosquitos, a Anvisa não recomenda o uso, por causa do curto tempo de duração do efeito. Uma outra opção de proteção individual é manter portas e janelas fechadas ou com telas, para impedir a entrada dos mosquitos. 

Mudanças climáticas e fatores sociais: desafios no combate a dengue

As mudanças climáticas, sobretudo o aumento da temperatura global, contribuem para multiplicar os desafios para controlar a dengue e seus vetores. O Aedes aegypti e o albopictus têm se adaptado ainda melhor a essas temperaturas mais elevadas, levando ao aumento das taxas de dengue e outras arboviroses, como chikungunya e zika, tanto em áreas onde já representava problema, quanto naquelas onde era praticamente inexistente. 

Ligia Kerr reforça a necessidade de políticas públicas que contemplem a redução da desigualdade social e as mudanças climáticas para combater a dengue.

“Os desafios agora se amplificaram e requerem o trabalho conjunto dos diferentes setores das esferas do governo federal, estadual e municipal atuando na redução da pobreza e das desigualdades, controle de queimadas e outro tipo de destruição dos diferentes biomas. Desta forma, prevenir e controlar a dengue e outras arboviroses é função do poder público e de cada um de nós”, explica. 

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