Em entrevista concedida ao Portal BBC Brasil em 11 de novembro, Ricardo Barros, titular da pasta da Saúde, afirma que “Sistema de saúde para todos é ‘sonho’ e seus defensores são ‘ideólogos, e não técnicos”, num explícito ataque aos movimentos sociais, à docência em Saúde Coletiva e ao livre pensar.
A frase não ficou sem resposta. Luis Carlos Bresser Pereira, ex-ministro de Estado da Fazenda, professor emérito da Fundação Getútlio Vargas, e uma das vozes mais respeitadas da sociedade brasileira, declarou Barros como um inimigo do SUS, interessado unicamente em desmontar o Estado Social criado pela Constituição de 1988. A carta foi publicada por Bresser em sua página pessoal em uma rede social. Leia abaixo na íntegra:
“O sr. Ricardo Barros, Ministro da Saúde, é um inimigo declarado do SUS. Em entrevista à BBC Brasil ele afirmou que pesquisadores que defendem um sistema universal de saúde – ou seja, que atenda todos os segmentos da população – “não são técnicos, nem especialistas, são ideólogos que tratam o assunto como se não existisse o limite orçamentário, como se fosse só o sonho”. Pouco lhe importa que o direito universal à saúde esteja na Constituição. A Constituição, ora a Constituição… E se não consegue mudar a Constituição nesse ponto, não hesita a dar todo apoio à Emenda 241, que, afirma contra toda evidência: “Não tem redução de recursos de saúde com a PEC. Isso não existe, outras despesas poderão ser reduzidas”. Quais? As despesas com educação? Ou que sabe o deputado vai propor uma emenda à emenda, incluindo o gasto com juros, para que estes, depois, possam ser cortados?
Ao invés, ele informa que tem uma solução para a falta de recursos. O ministério elabora uma proposta de “planos de saúde acessíveis”, com cobertura de atendimento reduzida, para o público de menor renda. Ora, já existem muitos planos de saúde “populares” empenhados em enganar aqueles que os subscrevem. Planos de saúde podem ser bons para os ricos; para no máximo 15% da população. Os demais contam com o SUS, que é a maior realização da democracia brasileira. Atacá-lo, como faz o ministro Ricardo Barros, é tentar realizar o objetivo doentio da direita neoliberal brasileira: desmontar o Estado Social que o Brasil construiu desde a Constituição de 1988″.