NOTÍCIAS 

Cadernos de Saúde Pública debate a avaliação científica

Vilma Reis

Como se avalia a produção científica? A mais recente edição da Revista Cadernos de Saúde Pública (vol.29 no.9 Rio de Janeiro set. 2013) traz excelente movimentação intelectual sobre o tema. Em 10 artigos de Debate, muitos aspectos como produtividade, quantidade, qualidade e regularidade da produção científica, são abordados. 

 No primeiro ‘Produção científica: avaliação da qualidade ou ficção contábil?’ Kenneth Camargo refere que a ‘avaliação da qualidade da produção científica é baseada amplamente, quando não exclusivamente, em indicadores bibliométricos quantitativos, em que pesem as numerosas críticas aos mesmos’. A crítica ao modelo proposto é apresentada e discutida. 

 A seguir, Rita Barradas Barata questiona Medir ou classificar a produção científica de pesquisadores?’ e sugere ‘Nós todos que nos interessamos pela ciência como objeto de investigação temos muito com o que nos ocuparmos. Sem contar com o enorme desafio que significa tentar avaliar o real impacto da ciência e de seus produtos na melhoria das condições concretas de existência da humanidade’. 

Há ainda, o artigo ‘Por um novo jogo’ de Paulo Vaz, Muitas dúvidas, poucas certezas, enquanto isso…’ de Hillegonda Maria Dutilh Novaes. Avaliação da qualidade da produção científica e suas consequências imprevistas e indesejadas: um conceito autoevidente?’ de José Cláudio Struchiner.

 O presidente da Abrasco, Luis Eugenio Souza, escreve sobre ‘O desafio da avaliação da produção científica’ onde lembra o caminho histórico da avaliação para a área científica e ressalta ‘submeter-se à avaliação não é uma especificidade da atividade científica. De uma forma ou de outra, toda atividade social é objeto de avaliação: políticos, em um regime democrático, são avaliados pelos eleitores, as empresas de capital aberto são avaliadas pelas bolsas de valores, o desempenho econômico de um país é avaliado pelo PIB etc. Não é o caso de discuti-los aqui, mas registre-se que todos esses mecanismos de avaliação apresentam limitações significativas. Por que seria diferente com os cientistas?’

Também faz parte do Debate o artigo ‘Como avaliar as ciências com uma deficiente ciência da avaliação científica?’ de Mauricio Barreto e ainda o artigo de Sonia Maria Ramos de Vasconcelos.

 E ainda:

  ‘Avaliação desmedida’ – Nísia Trindade Lima

  ‘O que estamos avaliando?’ – Carlos Coimbra

 A Série Debate finaliza com o professor Kenneth Camargo que pergunta ‘Sigamos em frente?’ e finaliza ‘Encerrando, deixo como desafio palavras de Fernando Pessoa, via Álvaro de Campos:

 “Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido? Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces, Para que chames desconhecido a qualquer coisa em especial?”(Álvaro de Campos – Se Te Queres).

Cadernos de Saúde Pública é uma revista mensal publicada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz. A revista destina-se à publicação de artigos originais no campo da Saúde Pública, incluindo epidemiologia, nutrição, planejamento em saúde, ecologia e controle de vetores, saúde ambiental e ciências sociais em saúde, dentre outras áreas afins (para maiores informações, vide instruções aos autores). Todos os artigos são criteriosamente avaliados pelo corpo editorial de CSP, organizado com base no sistema de revisão pelos pares.

 Atualmente, Cadernos de Saúde Pública constitui uma das principais fontes de informação da área científica em Saúde Pública editada na América Latina. A periodicidade e a regularidade de CSP, aliadas à qualidade gráfica e cuidadosa seleção dos artigos publicados, têm garantido ampla disseminação da publicação na comunidade acadêmico-científica e nos serviços de saúde, tanto nacional como internacional. Visando amplificar o potencial de disseminação dos artigos publicados em suas páginas, CSP encontra-se listado nas principais bases de indexação bibliográfica internacionais, além de disponibilizar todos os seus artigos on-line, por intermédio do projeto SciELO (Scientific Electronic Library Online).

Associe-se à ABRASCO

Ser um associado (a) Abrasco, ou Abrasquiano(a), é apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, mas também compartilhar dos princípios da saúde como processo social, da participação como radicalização democrática e da ampliação dos direitos dos cidadãos. São esses princípios da Saúde Coletiva que também inspiram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde, o SUS.

Pular para o conteúdo