Em meio à pandemia da Covid-19, o governo de Jair Bolsonaro liberou o registro de 118 agrotóxicos para serem vendidos no Brasil. Destes produtos, 84 são destinados para agricultores e 34 para a indústria. Há ainda 216 produtos sendo avaliados pelo Ministério da Agricultura, o que reforça a lógica “de aproveitar para passar a boiada”. No intuito de fazer a contra-hegemonia, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida tem investido em ações de sensibilização dos riscos dos agrotóxicos.
Uma das iniciativas da Campanha durante a pandemia é a realização de lives semanais, que são transmitidas pelo canal no Youtube e também via Facebook. Entre os assuntos já tratados nos encontros, estão soberania alimentar e pulverização aérea.
No dia 20 de maio, a conversa foi com a abrasquiana Ada Cristina Pontes Aguiar, médica, professora da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e pesquisadora do Núcleo Tramas e com João Almeida, médico do MST e membro da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, que discutiram o papel do SUS na luta contra os agrotóxicos.
Ada Aguiar, membro do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, explicou as relações entre agrotóxicos, saúde pública e o SUS, considerando que o tema sempre foi relevante, principalmente depois que o Brasil se tornou o maior consumidor mundial em agrotóxicos, em 2008. “Agora, neste contexto violento e predatório da pandemia, revela e escancara para a gente as desigualdades, as assimetrias e injustiças de um modelo produtivo e hegemônico que é o agronegócio”, afirmou.
A professora contou um pouco sobre a história do SUS, todas as dificuldades, traçando um paralelo do subfinanciamento do SUS e, de outro lado, o financiamento milionário do agronegócio. “Se a gente não faz uma discussão mais ampla de compreender que para defender a saúde e o SUS a gente precisa desmontar esse modelo produtivo e caminhar para uma produção agroecológica, a gente não protege a saúde das populações”, completou Ada.
No dia 27, o tema foi água e contou com as presenças de Mônica Lopes-Ferreira, imunologista e pesquisadora do Laboratório Especial de Toxicologia Aplicada do Instituto Butantan e Wanderley Pignati, médico e pesquisador do Núcleo de Estudos Ambientais e Saúde do Trabalhador da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
Sobre a questão de contaminação da água, Wanderley Pignati, membro do GT Saúde do Trabalhador da Abrasco, contou um pouco sobre suas pesquisas, os impactos do agronegócio na saúde e no ambiente e explicou que “todos alimentos têm água, nosso corpo tem água, 70% do nosso corpo é água, e sem água não se produz alimento, ou seja, de uma importância muito grande e a água e agrotóxico perfazem todos os elos da cadeia produtiva do agronegócio”, afirmou.
Confira todas as lives no canal Contra os Agrotóxicos.