Reunidos em 2010, representantes de diversos movimentos sociais, sindicatos e entidades de pesquisa do campo da saúde chegaram a uma conclusão: a luta contra os agrotóxicos deveria ser enfrentada por uma grande frente que envolvesse os mais variados setores da sociedade. Mais do que isso, a luta específica contra os agrotóxicos deveria se traduzir em uma ação mais ampla: contra os transgênicos, contra o agronegócio e, finalmente, contra o modelo capitalista de produção de alimentos.
Dentro desta luta, de longa duração, era preciso também haver propostas concretas: a agroecologia, como contraposição ao agronegócio; a vida, como contraposição ao modelo da morte. A data de lançamento também foi emblemática: o Dia Mundial da Saúde.
Assim, no dia 7 de abril de 2011, foi lançada a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. Desde então, a batalha passou por diferentes intensidades. Num contexto de hegemonia política do agronegócio, foram muitos os retrocessos: flexibilização das normas, aprovação em massa de novos transgênicos, esvaziamento da Anvisa, liberação recorde de agrotóxicos, entre outros.
Mesmo assim, há muito a ser comemorado. Há nove anos, apenas pesquisadores e os movimentos sociais falavam sobre o tema. Hoje, a consciência da alimentação saudável e dos prejuízos causados pelos agrotóxicos rompeu as barreiras e alcançou um público amplo. Trabalhos como os filmes o Veneno Está na Mesa 1 e 2, o Dossiê Abrasco sobre Impactos dos Agrotóxicos, e a plataforma #ChegaDeAgrotóxicos certamente contribuíram para isso.
“A Campanha Contra os agrotóxicos é um movimento que deve ser considerado um dos mais importantes já organizados no Brasil nos últimos tempos. Isso porque tem trazido discussões muito qualificadas, tanto do ponto de vista técnico quanto humano, provocando nas pessoas reflexões sobre nossas relações como e com os demais seres viventes. Nesse sentido, a Campanha e suas ações não só promovem o debate sobre as questões inerentes aos efeitos mais diretos dos agrotóxicos sobre a saúde humana e os ecossistemas, como nos chama à reflexão quando olhamos para a nossa comida todos os dias, de quão saudável, justa, social e ambientalmente responsável foi seu caminho do campo até a nossa mesa” declara Karen Friedrich, integrante do Grupo Temático Saúde e Ambiente (GTSA/Abrasco) e representante da Abrasco no conselho das mais de 120 entidades que compõem a campanhia.
“No momento em que o mundo se vira de ponta a cabeça e que somos obrigados a repensar nosso modo vida, vemos que as apostas na reforma agrária, na agricultura camponesa, na agroecologia, na biodiversidade, nas compras públicas de alimentos e nos circuitos curtos de comercialização foram certeiras. É essa a estratégia que pode salvar a humanidade. Nessa e nas próximas pandemias” encerra a carta da coordenação nacional em homenagem à data.