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Capitais cancelam Réveillon diante da variante Ômicron

Bruno C. Dias

Identificada pela primeira vez em 11 de novembro, na província de Gauteng, na África do Sul, a variável Ômicron foi classificada como Variável de Preocupação (VOC – Variant of Concern) pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por apresentar quase o dobro de mutações que a variante Delta, além de se mostrar altamente transmissível. Nessa região sul-africana, os casos novos causados pela variante Ômicron passaram de 18% para 49%, já na primeira semana de dezembro, alcançando a marca de 84% dos casos na semana seguinte. A identificação da variante em território brasileiro, juntamente com a proximidade das festas de fim de ano, levou a Abrasco a se manifestar na nota Apoio à recomendação de exigência da vacina contra a Covid-19 para a entrada no Brasil e ao alerta às festas públicas, e membros da diretoria a falarem junto à imprensa.

“Ainda não está claro se a doença causada por ela ficou mais grave. As mortes e internações ainda não estão crescendo na mesma proporção que os casos, mas ainda é cedo para se afirmar algo. Um dos motivos pode ser porque os casos notificados estão ocorrendo em pessoas mais jovens, entre 20 e 40 anos, faixa etária onde a Covid-19 tende a ser mais leve”, destacou Lígia Kerr em entrevista ao site Alma Preta.

A abrasquiana destacou também a situação do continente africano, que se viu abandonado pelos países ricos, que adquiriram mais vacina do que têm de contingente de população, deixando os países mais pobres totalmente desassistidos. “Apenas 6,6% de 1,2 bilhão de habitantes que compõem a população africana foram adequadamente vacinados. É fundamental que os países mais desenvolvidos apoiem os países africanos e sigam a iniciativa da China que prometeu doar 1 bilhão de doses de vacinas ao continente africano”, ressaltou Kerr.

A docente da UFC e que presidiu o Congresso Brasileiro de Epidemiologia falou também sobre a questão do passaporte vacinal ao portal GHZ. “O ideal seria exigir passaporte vacinal, embarcar com teste negativo, testar quando chegar no Brasil e o governo credenciar hotéis para a pessoa ficar isolada e a pessoa pagar a estadia. Os países que mais controlaram a pandemia fizeram isso. “

Sobre o cenário das festas de final de ano, Lígia Kerr ressalta que aglomerações não combinam com COVID-19 e não deveriam estar sendo cogitados nem antes e, muito menos agora, com o surgimento desta variante. “Países ricos que abandonaram as máscaras e as medidas de distanciamento, e onde um percentual significativo de habitantes recusa a se vacinar observam incríveis aumentos de casos, internações e óbitos pela Covid-19. E estão voltando atrás”, apontou ela em entrevista ao portal UOL. Para Lígia, as vacinas ajudaram muito, protegendo de casos graves e óbitos. Mas sua efetividade para infecção é bem menor, persistindo a transmissão. “Desta forma, precisamos lançar mão de todas as medidas conhecidas e que tantas vidas têm salvado: as vacinas, as máscaras, o distanciamento físico e as medidas de higiene”.

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