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Carta de Florianópolis – X Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Antonio Boing fazendo a leitura da Carta de Florianópolis. Foto de Charles Steuck

O programa do X Congresso Brasileiro de Epidemiologia foi cuidadosamente estruturado sobre os seguintes eixos: produção de conhecimento de forma rigorosa, sustentável e íntegra; desenvolvimento e avaliação das intervenções com vistas ao fortalecimento do SUS e de políticas e programas de saúde; e formação de uma nova geração de epidemiologistas cada vez mais comprometidas(os) com a transformação social.

O X Congresso Brasileiro de Epidemiologia inovou ao incorporar a perspectiva de gênero, pautada na garantia da representação feminina não somente entre as(os) participantes, reflexo de sua representação majoritária na área da saúde, mas também na composição das mesas e na promoção da equidade de gênero na produção científica. Foram criados dois espaços para crianças, para viabilizar a participação de mães e pais no congresso, além de um espaço para amamentação. Também houve preocupação com o incentivo a políticas de promoção da saúde. Todos os ambientes do congresso foram livres de álcool e de tabaco e houve restrição à venda de alimentos não saudáveis.

Em um contexto de crise política, econômica e social, aliada a fortes ataques à universidade pública e à ciência, a comunidade acadêmica da epidemiologia brasileira, em um ato de resistência e solidariedade, comprometeu-se a assegurar a realização do congresso. Mais da metade das(os) palestrantes foi financiada por meio de seus projetos e de parcerias acadêmicas. Entretanto, não abrimos mão da luta pelo financiamento público a eventos da comunidade científica brasileira, especialmente aqueles da Saúde Coletiva, que recusam veementemente fontes privadas de financiamento.

O momento exige união da comunidade acadêmica, de trabalhadoras(es) e de usuárias(os) dos serviços de saúde, em defesa ciência brasileira, que vem sendo fortemente atacada. Mais do que nunca, cumpre às(aos) pesquisadoras(es) atuarem de forma mais colaborativa e menos competitiva. A produção científica deve ser divulgada de forma ampla e acessível para a sociedade, bem como utilizada para subsidiar políticas, desenvolvimento de tecnologias e intervenções que promovam melhorias nas condições de vida e de saúde da população brasileira.

Somos uma comunidade de pesquisadoras(es) e trabalhadoras(es) da saúde comprometidas(os) não somente com a produção de conhecimento e o cuidado em saúde, mas também com um projeto de sociedade mais justa e igualitária. Hoje, isso implica na luta intransigente contra o desmonte do SUS, da educação pública, gratuita, crítica e laica, contra o desmonte das políticas públicas de saúde, seguridade social e as ameaças aos direitos assegurados pela Constituição.

Que a vitalidade, a força e a união demonstradas em todos os dias deste congresso sejam levadas a nossos espaços de atuação para fortalecer nossa luta em defesa do SUS, da justiça social e da democracia.

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