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 NOTÍCIAS 

Carta de São Carlos – CPSP’ 2015

Nunca cessem sua indignação quando a democracia e os direitos sociais garantidos pela constituição de 1988 estiverem sendo ameaçados. Somente a indignação não é suficiente para resistirmos aos ataques que sofrem a democracia e os direitos sociais no Brasil. Formas explícitas de resistência precisam estar associadas à produção de novas gramáticas e narrativas que ativem uma concertação social majoritária convicta da necessidade de uma democracia radical sustentada por direitos sociais que propiciem justiça social e condições de vida dignas. A construção de outras gramáticas e narrativas passa pela democratização profunda das mídias no Brasil, não no seu foco de conteúdo, mas na sua cartelização e monopolização dos meios por poucas famílias.

Resistir e construir formas de luta para demonstrar que a dívida pública brasileira não é intocável, e que sua desconstrução e auditoria estariam na raiz de um ajuste fiscal mais justo, bem como uma reforma tributária que realmente progressiva, faça com que aqueles que ganhem mais paguem mais, com foco principal no lucro das empresas. Explicitarmos e desocultarmos todas as formas injustas de desigualdades sociais e econômicas na sociedade brasileira do século XXI, demonstrando os danos para a vida dos brasileiros, impedindo a naturalização crescente destas desigualdades. Há um acirramento da luta de classes no Brasil do século XXI e a luta pela desmercantilização do SUS e da sociedade não passa apenas por soluções setoriais.

O SUS é uma conquista civilizatória do povo brasileiro, mas que clama por uma crítica radical em não prover, muitas vezes, a adequada experiência material concreta para atender a muitas necessidades vitais prementes. Os Conselhos de Saúde no âmbito do SUS precisam ser reconhecidos como ativos muito importantes, mas carecem de re-significação no diálogo mais potente com coletivos e movimentos sociais. Retomarmos ação estratégica no trabalho de base para construção de pautas singulares e pontes de solidariedade com as necessidades cotidianas vitais das populações periféricas e excluídas. Concatenarmos ação política firme e concentrada baseada em fatos sólidos para mostrar a ilusão, ao longo da vida, de possuir planos privados de saúde. Desenvolvermos formação e capacitação para o tensionamento político da ideologia das patentes e da propriedade intelectual principalmente dos fármacos e da nossa fitoterapia.

Intensificar a pesquisa e a luta política na busca de evidências para desocultar e visibilizar nexos causais entre processos de trabalho e doença, sofrimento e morte, fortalecendo e sensibilizando os trabalhadores do SUS para a importância de notificar adoecimento, sofrimento e morte relacionados ao trabalho. Terceirizar é precarizar o trabalho, pois o implícito é aumentar a lucratividade das empresas, criando mais adoecimento, sofrimento e morte em detrimento de processos de trabalho mais criativos e menos alienados.

Convocamos a todos os trabalhadores e usuários para ocupar o cotidiano do trabalho em saúde como sujeitos políticos, comprometidos com a transformação em ação radical das narrativas imobilizadoras e ideológicas que aspiram construir um imaginário de impossibilidade da eficácia social do público na saúde.

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Ser um associado (a) Abrasco, ou Abrasquiano(a), é apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, mas também compartilhar dos princípios da saúde como processo social, da participação como radicalização democrática e da ampliação dos direitos dos cidadãos. São esses princípios da Saúde Coletiva que também inspiram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde, o SUS.

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