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Cida Bento e Célia Tupinambá abrem programação dos grandes debates do CSHS

A tarde da quarta-feira, (1), foi marcada pela presença de mais de 1.200 congressistas que lotaram a Concha Acústica da UFPE para prestigiar Célia Tupinambá e Cida Bento. As pesquisadoras inauguraram a programação dos Grandes Debates do 9º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde. Intitulado “Decolonialidade do Poder-Ser-Saber-Fazer: desafios e contribuições das Ciências Sociais e Humanas em Saúde”, o debate trouxe reflexões sobre os desafios enfrentados por populações vulnerabilizadas e propôs ações concretas para se combater a desigualdade nas políticas de saúde. 

Abrindo a mesa, Cida Bento, autora do livro “Pacto da Branquitude” e diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT) propôs uma inversão na reflexão que se baseia no sofrimento da população negra para se pensar os atores e estruturas que sustentam a nossa sociedade racista e desigual. “Minha trajetória tem sido de trazer o debate sobre a herança simbólica e concreta pro sujeito que ficou invisível quando se fala das questões de escravidão, que foi o sujeito branco. De alguma maneira, a herança escravocrata que está entre nós hoje, não aparece”, provoca a autora. 

Tendo como norte o tema do congresso, o debate sobre reconstrução e reparação também atravessou a atividade. Para Cida, a reconstrução política e social do Brasil precisa ser atravessada por vivências, experiências e soluções que coloquem no centro o conhecimento das populações vulnerabilizadas. “Se vamos reconstruir, precisamos de concretude. Precisamos pensar: como as instituições podem ser mais equânimes e mais democráticas? A diversidade tem um monte de caracteristica, mas ela é fisica, não é so falar sobre os negros, mas trazer eles para os lugares de decisões. Se houver reconstrução do Brasil, os negros precisam estar juntos.” 

 A Liderança Indígena, professora da UFRJ e artista, Célia Tupinambá, acredita que o fio que une o debate sobre populações vulnerabilizadas, ação e saúde é o acolhimento. “Antes de ser Colônia, aqui era território Indígena. Antes de ser quilombo, era terra Indígena. Antes de ser cidade, era terra Indígena. Antes de ser capital, era terra Indígena. Essa terra acolheu a todos.”, afirma. 

“Eu já li tanta gente, que já morreu há tantos anos e que construiu o pensamento da evolução, da raça da cultura com muitas falhas. E as pessoas reproduzem isso à risca e dizem que estão criticando. Mas estão reproduzindo. Se não estivéssemos reproduzindo, a nossa sociedade seria outra. O acolhimento do outro seria de outra forma.”, completa a professora. 

O grande debate foi transmitido ao vivo pela TV Abrasco, confira abaixo.

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