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Ciência e Saúde Coletiva – Setembro 2022

Foto: Apib

Em 2022, o Brasil alcança seus 200 anos de independência política em meio a múltiplas, graves e interconectadas crises. O que celebrar? Há pouco espaço para um otimismo racional. Estamos diante de crises sanitárias globais, da emergência climática, do declínio da confiança na ciência e nas instituições democráticas e do ataque político e ideológico ao papel do Estado em todas as suas formas de proteção social e produção de bem-estar.

A história da saúde no Brasil do século XIX oferece algumas chaves para a melhor compreensão da saúde pública no século XX e de seus desafios no século XXI. Interpela visões estabelecidas na saúde coletiva brasileira sobre história e “passado” muitas vezes lineares, unidirecionais e evolutivas, e sua busca pelas “lições da história”, principalmente em momentos de crise política e sanitária como nos eventos epidêmicos. O trabalho dos historiadores e historiadoras torna tempo e espaço elementos constituintes dos debates, dos processos, das ideias, das práticas, das políticas, dos agentes e das instituições de saúde pública. Esse diálogo está explícito nesta Edição Temática promovido pela Ciência & Saúde Coletiva.

Esta edição reúne artigos temáticos para o marco dos 200 anos de independência brasileira. 

Da Independência ao Império: Saúde e Doença no Brasil do Século XIX
Como apresentação do dossiê “Da Independência ao Império: saúde e doença no Brasil no século XIX”, o artigo contrasta o “Brasil moderno” imaginado pelas elites médicas e políticas por ocasião do I Centenário da Independência, em 1922, com os inúmeros problemas e desafios no campo da saúde que a República, em sua terceira década, herdou dos períodos colonial e imperial. Além disso, destaca questões da história da saúde no século XIX que permitem aos leitores do dossiê refletir sobre as promessas civilizacionais não cumpridas de 1822-1922, à luz dos imensos desafios do ano de 2022, quando o Brasil completa duzentos anos de soberania política. Confira

A saúde como campo de batalha: doenças e artes de curar no Brasil, 1750-1822
O artigo explora como as doenças eram pensadas e enfrentadas na América portuguesa no início da década de 1820, pouco antes da consolidação da ruptura política com Portugal que tornou o Brasil um país independente. Analisa quem foram os indivíduos chamados para tratar as doenças da população sofredora, seus saberes e terapêuticas. Confira

“Espantosa mortandade”: desembarques, demografias e enfermidades africanas
Este artigo contribui para conhecermos melhor as condições a que africanos estavam submetidos no imediato desembarque, estendendo o estudo para além do navio. Destaca a importância dos africanos orientais no Sudeste brasileiro no início do século XIX, o que deve ser considerado para o aprofundamento da análise sobre reinvenções identitárias, doenças e práticas de cura. As dores dessas pessoas tiveram como pano de fundo os debates e as negociações políticas em torno da proibição do tráfico atlântico e da independência do Brasil. Confira

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