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 NOTÍCIAS 

Ciência & Saúde Coletiva – Julho de 2023 

Produtos e alimentos cultivados sem aditivos químicos e sem causar danos ao meio ambiente, expostos na conferência Green Rio – Rio Orgânico 2014, no Jardim Botânico (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Esta edição trata da importância do comer bem. O conceito de segurança alimentar e nutricional passa pelo consumo de nutrientes em quantidade e qualidade adequadas para garantir o bom funcionamento do organismo, promover o crescimento e o desenvolvimento apropriado de crianças e adolescentes e fornecer os recursos necessários para a manutenção da saúde e da vitalidade de adultos e idosos.

O Brasil sempre enfrentou desigualdades nutricionais. Em 2014, no entanto, atingiu a meta dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de reduzir pela metade a prevalência da subnutrição e, ineditamente, ficou fora do “Mapa da Fome”. Entretanto, houve um rápido empobrecimento da população durante a pandemia de Covid-19. Milhões de brasileiros foram empurrados para a linha da pobreza ou para a pobreza extrema. Em 2022, o II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Covid-19 (II VIGISAN) mostrou que mais de metade (58,7%) da população brasileira convivia com insegurança alimentar em algum grau. E entre 14% e 17% desse contingente passava fome.

Importante dizer que não é a escassez de alimentos que levou o país a regredir a níveis dos anos da década de 1990. E sim, o aumento do desemprego, a crise sanitária, a inépcia política, o desmonte de políticas sociais, a diminuição da renda familiar, a interrupção das cadeias de suprimentos e, por fim, a guerra da Ucrânia impactaram dramaticamente a capacidade das famílias garantirem uma alimentação mínima adequada a seus membros. Perversamente, os preços dos alimentos in natura, como frutas, verduras, legumes, arroz e feijão subiram de preço e perderam espaço na mesa para produtos ultraprocessados (macarrão instantâneo, salsicha, biscoitos etc.), condenando a população mais vulnerável a uma dieta paupérrima em nutrientes e rica em calorias, sódio e gorduras saturadas.

Esse fenômeno não é novo e seu impacto na saúde pública é conhecido. Mas o retrocesso precisa ser objeto de políticas públicas eficazes, imediatas e consistentes. A fome crônica está diretamente relacionada a uma série de agravos à saúde, incluindo atraso no crescimento infantil, baixo peso ao nascer, doenças cardiovasculares, diabetes e a distúrbios mentais, como ansiedade e depressão, associados ao estresse causado pela incerteza alimentar. Proporcionar acesso ao “comer bem” é transformar o futuro, principalmente, de grande parte das crianças brasileiras – filhas da fome e do retrocesso social. Portanto, a segurança alimentar é hoje uma das mais relevantes pautas da saúde coletiva!

Confira alguns artigos temáticos desta edição:

Associação entre capital social e padrões alimentares em mulheres do Sul do Brasil

O estudou verificou a associação entre aspectos psicossociais (capital social) e padrões alimentares em mulheres adultas. Realizou-se um estudo transversal, de base populacional, com uma amostra representativa de 1.128 mulheres, de 20 a 69 anos de idade, residentes na área urbana do município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, em 2015. Os padrões alimentares foram identificados com base na frequência de consumo alimentar e classificados em: saudável (frutas, vegetais e alimentos integrais), de risco (alimentos ultraprocessados) e brasileiro (arroz e feijão), enquanto o capital social foi avaliado por meio de uma escala de eficácia coletiva.

Adesão à alimentação escolar e coocorrência dos marcadores de alimentação saudável e não saudável entre adolescentes brasileiros

Este estudo tem como objetivo analisar a associação entre a adesão à alimentação escolar e a coocorrência do consumo regular de marcadores de alimentação saudável e não saudável entre adolescentes brasileiros. Foram avaliados 67.881 adolescentes de escolas públicas brasileiras participantes da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2015. 

Agrupamentos de comportamentos obesogênicos associados com status de peso em estudantes brasileiros: uma análise de classe latente 

O estudo objetivou examinar a associação entre agrupamentos de atividade física (AF), dieta e tempo de televisão (TV) com o status do peso em uma amostra representativa de estudantes brasileiros.  Foram identificadas seis classes com comportamentos positivos e negativos. Adolescentes pertencentes à classe “baixo tempo de TV e alta alimentação saudável” apresentaram maior probabilidade de ter sobrepeso/obesidade em comparação com seus pares na classe “AF moderada e dieta mista”.

Confira a edição completa aqui

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