Na edição de junho da Revista Ciência e Saúde Coletiva o papel da Fisioterapia é posto em análise. Uma jovem profissão surgida nas crises sanitárias, a fisioterapia vem consolidando sua missão de auxiliar a reconstrução de vidas nos momentos de instabilidade, criando algo novo daquilo que se perdeu e, acima de tudo, promovendo a prevenção para seguir em frente.
Os artigos abordam diferentes cenários do cuidado em fisioterapia. Lançando olhar sobre o contexto pandêmico o artigo “Organização e oferta da assistência fisioterapêutica em resposta à pandemia da COVID-19 no Brasil” discute os desafios da organização e da oferta de assistência fisioterapêutica em resposta à crise da COVID-19 no Brasil, olhando a partir de três dimensões: oferta da assistência fisioterapêutica na APS e na atenção ambulatorial, e oferta de atenção fisioterapêutica por telessaúde.
No estudo “Postos de trabalho ocupados por fisioterapeutas: uma menor demanda para a atenção básica” foi verificado, dentro de um intervalo de dez anos, em qual nível de assistência à saúde está concentrada a maior parte dos fisioterapeutas e sua representatividade na Atenção Básica, a partir de uma análise descritiva e quantitativa que teve como fonte dados secundários obtidos por meio do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil. No artigo, é possível perceber indícios de que a AB representa o cenário minoritário dos postos de trabalho ocupados pelos fisioterapeutas, refletindo a hegemonia do modelo biomédico e reforçando o caráter reabilitador dado historicamente à profissão.
Já olhando para a estrutura organizacional, o financiamento e a oferta de programas e ações de práticas corporais e atividades físicas (PCAF), o artigo “As práticas corporais e atividades físicas na gestão tripartite do SUS: estrutura organizacional, financiamento e oferta” busca informações junto ao Ministério da Saúde (MS), das 26 secretarias estaduais de saúde e do Distrito Federal (SES) e das 26 secretarias de saúde municipais das capitais (SMS) para avaliar o cenário de oferta dessas práticas. O artigo evidencia que o panorama constituído no MS, nas SES e SMS das capitais configura uma tímida disposição de elementos essenciais, como estrutura organizacional, financiamento, programas e ações para que as PCAF possam avançar enquanto política pública de saúde.
Os artigos expõem o quanto os cuidados em fisioterapia foram primordiais para a manutenção da vida nesse período recente de crise na saúde pública. Da reabilitação à prevenção, este parece ser o cenário que se descortina para o futuro. O sonho de ser um profissional que atue na atenção primária parece ser o curso natural desta profissão forjada nas crises.