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Clara Charf recebe o prêmio “Gente que faz saúde” da OPAS

Juana Portugal

A escritora Clara Charf, uma unanimidade quando o assunto é cidadania recebeu o prêmio “Gente que faz saúde”, da Organização Panamericana de Saúde (Opas), no último dia 22 de agosto. A honraria, entregue a anônimos e notáveis do setor pela Opas, é uma forma de homenagear quem realmente faz a diferença no dia-a-dia do setor.

1000 Mulheres

Autora do livro Brasileiras Guerreiras da Paz – que foi lançado nos congressos no dia 24 de agosto, Clara foi coordenadora da campanha 1000 Mulheres pela Paz, que indicou coletivamente mil mulheres que atuam pela construção de uma cultura de paz ao Prêmio Nobel da Paz 2005. Fotos destas mulheres de todo o mundo também estarão expostas no Riocentro.

Apesar de não terem ganhado o Nobel, Clara já pode se sentir duplamente premiada: vencedora do prestigioso Prêmio Bertha Lutz 2005, ela arranca elogios de Marcos Mandelli, secretário-excutivo da comissão da premiação da Opas. “Para nós, quem trabalha pela paz trabalha pela saúde”, ressalta. Pesquisas apontam que a violência urbana no Brasil está entre os principais fatores que sobrecarregam o sistema de saúde pública.

“Quisemos agraciar com o prêmio Nobel mulheres de luta, de vida limpa, como aquelas que trabalham em favelas há anos lutando contra a violência policial”, diz Clara Charf. Seu caminho árduo em defesa da paz começou em 1945, em plena Segunda Guerra Mundial. Participou dos protestos contra a bomba atômica durante a Guerra Fria e de vários Congressos em prol da paz. Na década de 1950, lutou contra o envio de soldados brasileiros para Guerra de Coréia. Com o Golpe Militar de 1964, teve seus direitos políticos cassados.

Democracia

Há 58 de seus 80 anos, Clara decidiu abraçar com todas as forças a luta pela democracia do Brasil. Viúva do guerrilheiro Carlos Mariguella, assassinado pela ditadura militar em 1969, viveu exilada em Cuba por nove anos e hoje é membro do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos.

Quanto ao prêmio Gente que Faz Saúde, Marcos Mandelli acredita que “em vez de discutirmos somente problemas no Brasil, é preciso também reconhecer iniciativas que fazem nossa vida melhor”. O troféu está sendo concedido ao longo de 2006, Ano do Trabalhador da Saúde, a profissionais, equipes ou instituições que tenham se destacado pela realização de importante e incontestável contribuição, de caráter técnico ou político.

Mil Mulheres pela Paz

Tudo é pioneiro no livro “Brasileiras Guerreiras da Paz” (Editora Contexto, R$ 29,00, 244 págs.) – a idéia original do Projeto 1000 Mulheres, a envergadura mundial que adquiriu, a complexidade do trabalho de seleção das mulheres aqui perfiladas, o painel final deste Brasil de ação feminina.

Mil Mulheres nasceu na Suíça com recursos espartanos e ambição planetária: mapear 153 países e neles identificar um total de 1000 mulheres engajadas na luta por um mundo mais justo. Entre as coordenadoras convocadas para dar forma ao projeto está a brasileira Clara Charf, veterana de todas as grandes causas sociais brasileiras dos últimos 60 anos.

Do total de 1000 nomes, ao Brasil coube uma cota de 52, proporcional à sua população. E a teia feminina se pôs em marcha, garimpando em todos os estados, investigando o amplo leque da ação transformadora da mulher. Brotou um Brasil vibrante, comovente, engajado. Dificilmente haverá unanimidade em torno dos 52 nomes. Nem poderia haver. Felizmente o leque de brasileiras anônimas ou notáveis que atuam por um país mais justo não cabe em um livro.

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