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Classificação de velhice na CID-11 é retirada pela OMS

Foto: Claudia-van-zyl para Unsplash

A entrada do item “Relacionado ao envelhecimento” (XT9T) na atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) foi retirada de vez pela direção da Organização Mundial da Saúde (OMS) . A conquista foi fruto de uma grande pressão e movimentação da sociedade civil nacional e internacional, que luta contra a patologização da vida e por maior inclusão das pessoas idosas na sociedade. O anúncio foi feito pela coordenação da iniciativa ‘Década do Envelhecimento Saudável’ a Alexandre Kalache, presidente do ILC-Brasil e coordenador do Grupo Temático Envelhecimento e Saúde Coletiva/Abrasco. ‘Um dia histórico de conquista da sociedade civil brasileira que beneficiará as pessoas idosas de todo o mundo’, comemora o abrasquiano.

Desde 2015, uma articulação da indústria farmacêutica com pesquisadores repaginou a defesa da velhice como doença. O processo seguiu no âmbito da OMS e, em 2018, a velhice como doença foi incluída inicialmente como código de extensão. Em maio de 2019 a classificação foi aprovada na 72ª Assembleia Mundial de Saúde. A previsão de entrada em vigor era 1º de janeiro de 2022. 

Contudo, inciativas como a Década do Envelhecimento Saudável, lançada pelas Nações Unidas para o período 2021-2030, e o “Relatório Global sobre Preconceito de Idade”, lançado pela própria OMS no início de 2021, aprofundaram a contradição sobre a classificação.

Indignados com um retrocesso de impacto negativo em vários segmentos, da saúde à economia, profissionais ligados à geriatria, gerontologia, à saúde, à comunicação, à política e a outros setores sociais iniciaram o movimento ‘Velhice Não É Doença’. A ação extrapolou fronteiras e ganhou a adesão de profissionais e instituições de diversos países sobretudo da América Latina e da Europa, tendo a Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria (IAGG) se manifestado, assim como através das respectivas associações a nível nacional. Após meses de ampla articulação e forte presença nas redes sociais, finalmente a direção da OMS comprometeu-se publicamente com a retirada.

“Essa decisão agora coloca um freio no idadismo que iria atingir níveis sem precedentes. De repente, ficaríamos todos com o rótulo de velhos. Se é velho, deixa morrer. Não vai tratar, não vai fazer diagnóstico”, diz Alexandre Kalache.

O movimento #velhicenãoédoença continuará estimulando o debate público sobre as implicações do termo que substituirá a palavra ‘velhice’ na CID-11, bem como prosseguirá na defesa dos direitos à vida e às práticas cidadãs em prol do bem-estar das pessoas idosas – como proposto pela Convenção Pan Americana de Direitos das Pessoas Idosas ainda não endossado pelo governo brasileiro.

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